Americano protesta contra a paralisação, em frente ao Capitólio, em Washington: os republicanos escolheram setores cuja paralisia provocou um escândalo político (JEWEL SAMAD/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2013 às 08h21.
Washington - A Câmara de Representantes dos Estados Unidos, controlada pelos republicanos, aprovou nesta quarta-feira medidas para reativar parcialmente o governo federal, cuja paralisação já afeta o país, mas o presidente Barack Obama ameaça vetar a iniciativa.
O plano é o quinto apresentado desde sábado passado pelos republicanos e também parece destinado ao fracasso, já que os democratas do Senado exigem uma lei geral de finanças para seis semanas, que cobriria o conjunto das repartições do Estado, e não apenas alguns setores.
Os representantes republicanos aprovaram duas "mini" iniciativas, uma para financiar a abertura de parques, museus, monumentos e institutos nacionais de Saúde (NIH) envolvidos em pesquisas contra doenças graves, como o câncer; e outra - com o apoio democrata - para manter os serviços municipais de Washington, cujo orçamento depende do Congresso.
O chefe da maioria democrata no Senado respondeu negativamente à iniciativa, que qualificou de tática "irresponsável e perigosa" de seus adversários.
"Com que direito podem selecionar e escolher que parte do Estado vão financiar?" - perguntou Harry Reid em entrevista à imprensa.
Os republicanos escolheram setores cuja paralisia provocou um escândalo político, com a esperança de responsabilizar os democratas pela crise.
"O líder dos democratas diz às crianças cancerosas que não as ajudará", escreveu o republicano Steve Stockman no Twitter.
O democrata Chris Van Hollen respondeu que "se querem reabrir nossos parques nacionais, se querem realmente ajudar nossos veteranos, há uma maneira muito simples de fazê-lo: o presidente da Câmara deve permitir a votação" sobre a lei geral de finanças.
A imagem de ex-combatentes em cadeiras de rodas bloqueados diante de barreiras no Memorial da Segunda Guerra Mundial, em Washington, foi amplamente divulgada pelos republicanos, que acusam os democratas de desrespeitar os veteranos de guerra.
Caso as medidas paliativas sejam aprovadas também no Senado, a Casa Branca anunciou que Obama aplicará o veto diante do que considera uma manobra para retardar sua reforma da saúde, conhecida como "Obamacare".
Mais cedo nesta quarta-feira, o republicano John Boehner, líder da Câmara de Representantes, abandonou negociações com Obama em torno do orçamento, alegando que os democratas não querem negociar o fim da paralisação do governo.
"O presidente disse, uma vez mais, que não quer negociar", lamentou Boehner.
Após a saída de Boehner da residência presidencial, o chefe da maioria democrata no Senado, Harry Reid, excluiu qualquer possibilidade de ceder em relação à reforma da saúde, aprovada em 2010 e referendada pela Suprema Corte.
A paralisação dos serviços do governo federal já provocou a primeira consequência internacional, com o cancelamento de parte de uma viagem de Obama pela Ásia.
Obama cancelou as escalas na Malásia e nas Filipinas da viagem que iniciará no sábado, e deixou em aberto a possibilidade de também anular suas visitas à Indonésia e Brunei, onde deveria participar de reuniões internacionais.
No segundo dia de paralisação, milhares de funcionários permaneceram em casa de licença não remunerada, e os turistas encontraram museu e monumentos federais fechados.
Obama acusou veementemente os conservadores na Câmara de Representantes - dominada pelos republicanos - de levar adiante uma "cruzada ideológica" para vincular o financiamento do governo a uma tentativa de acabar com sua reforma da saúde.
A licença sem vencimentos dada aos funcionários públicos também afeta a Casa Branca, que ficou com um mínimo necessário de pessoal para poder funcionar.
Turistas perplexos não puderam entrar nos museus e monumentos em Washington, enquanto que, em Nova York, a Estátua da Liberdade também fechou suas portas.
As Forças Armadas e a patrulha de fronteira continuarão operando normalmente, mas o Pentágono dará licença à metade de seus 800 mil funcionários civis.