Economia

Remédio certo, dose nem tanto

Os analistas podem discordar da dose, mas concordam que pelo menos o médico acertou no remédio. A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do governo de Luiz Inácio Lula da Silva seguiu o receituário ortodoxo e elevou os juros para desaquecer a economia. Os freqüentes sinais de que alguns setores importantes -- como […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

Os analistas podem discordar da dose, mas concordam que pelo menos o médico acertou no remédio. A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do governo de Luiz Inácio Lula da Silva seguiu o receituário ortodoxo e elevou os juros para desaquecer a economia. Os freqüentes sinais de que alguns setores importantes -- como o siderúrgico -- estavam operando perto de sua capacidade máxima instalada e que os preços não estavam caindo tão depressa quanto seria de esperar indicavam a necessidade de um aperto monetário.

A dúvida que restava no mercado, porém, era sobre a tônica da primeira reunião do Copom de Lula. Se ela seria pautada pela necessidade técnica de elevar os juros ou pela agenda política de cumprir as promessas de crescimento econômico insistentemente veiculadas ao longo de toda a campanha eleitoral. Para alívio da parcela menos otimista do mercado, o Copom elevou os juros e sinalizou que, sim, deseja uma economia menos aquecida para os próximos meses.

Na ponta do lápis, a decisão do Copom pode até não ter grande impacto. Afinal, entre 25% e 25,5% ao ano há pouca diferença concreta. Não será esse meio ponto percentual a mais que vai afetar brutalmente as projeções de taxa interna de retorno que os empresários usam para decidir (ou não) investir dinheiro na ampliação de suas atividades ou em novos negócios. No entanto, essa atuação tem um valor simbólico bastante importante: mostra que o Copom consegue, sim, ser técnico apesar de esse viés técnico contrariar a agenda política do governo em que ele trabalha.

No entanto, respondida a primeira questão, resta a segunda: será que a dose foi suficiente? Pelo menos um profissional de tesouraria de um grande banco nacional avalia que o Copom foi tímido demais e que a situação demandaria um aumento mais consistente, de um ou até mesmo dois pontos percentuais nas taxas. Essa dúvida fez com que a primeira reação do mercado à decisão tenha sido ruim: o dólar permanece em alta de quase 1% e a bolsa continua amargando uma desvalorização de 1,80%. O fato de o Copom não ter anunciado nenhum viés para o juros é um outro fator que coloca os profissionais do mercado de sobreaviso. Caso seja necessário alterar de novo as taxas para cima ou para baixo a curtíssimo prazo, o Copom terá do convocar uma reunião extraordinária, fato que sempre provoca um elevado grau de incerteza no mercado financeiro.

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