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Reformas fiscais elevarão investimentos, diz Moody's

"Os investimentos podem subir, pois recuaram de 19% para 17% do PIB durante um ciclo de retração da atividade por dois anos", apontou

Moody's: a vice-presidente da agência disse ainda que um fator positivo para a economia do Brasil é que os bancos estão "sólidos e com boa liquidez" (Emmanuel Dunand/AFP/AFP)
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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2016 às 12h57.

São Paulo - A vice-presidente da Moody's , Samar Maziad, afirmou que as reformas fiscais, como as propostas de teto dos gastos federais com base na inflação do ano anterior e mudança estrutural na Previdência Social , fortalecerão a confiança em geral no país e elevarão a Formação Bruta de Capital Fixo.

"Os investimentos podem subir, pois recuaram de 19% para 17% do PIB durante um ciclo de retração da atividade por dois anos", apontou.

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"Temos a expectativa de que o governo conseguirá obter o consenso no Congresso para aprovar as reformas fiscais", disse Samar. "Somente a adoção do teto de gastos não é suficiente para melhorar a avaliação do rating e perspectiva do país."

Ela destacou que a última decisão da nota soberana do Brasil ocorreu em fevereiro, quando baixou para Ba2 e perspectiva negativa, e há um período de avaliação de 12 a 18 meses para uma reavaliação destes indicadores.

Influência da Petrobras

Samar Maziad afirmou que a melhora da situação financeira da Petrobras, com redução do seu nível de endividamento, "ajuda na avaliação do rating soberano".

Para ela, a nova gestão administrativa da estatal reduz uma eventual necessidade do Tesouro Nacional precisar capitalizar a companhia em algum momento.

Ela também destacou que o aumento da solidez da Petrobras é positivo para toda a cadeia produtiva do setor e colabora para incrementar o nível de atividade no país.

Inflação e juros

A vice-presidente da Moody's disse também que a previsão do Banco Central de que a inflação atingirá 4,4% em 2017, como informou o relatório trimestral de inflação nesta terça, "reforça a implementação de uma nova política de juros" pelo BC. Ela estima que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará ao redor de 5,5% no próximo ano.

"Não sabemos quando o Banco Central iniciará a diminuição da Selic, pois ainda será preciso ver a inflação iniciar uma trajetória firme de queda", destacou Samar.

Bancos sólidos

Ela afirmou ainda que um fator positivo para a economia do Brasil é que os bancos estão "sólidos e com boa liquidez". Destacou que este quadro do sistema financeiro do país é muito favorável para a retomada do crescimento do PIB.

Contudo, ressaltou que a recuperação do consumo e dos investimentos virão com o aumento a confiança de famílias e empresários, que surgirá com reformas fiscais, como a da Previdência Social e a adoção do teto de gastos do governo.

Para Samar Maziad, a retração da economia em 2015 e 2016 ocorre por uma série de elementos, inclusive devido a impactos na Operação Lava Jato na atividade de grandes companhias. "Mas a Lava Jato no médio prazo ajudará na governança e transparência corporativa de empresas."

Inadimplência dos bancos

A estabilidade da economia, com crescimento gradual, não evitará que o crédito continue se deteriorando e isso seguirá tendo reflexo nos bancos, afirmou a analista sênior da Moody's, Ceres Lisboa.

"Por mais que haja retomada, existe o risco do desemprego. Os bancos crescem suas carteiras a 0% em taxas nominais e em termos reais o crescimento é negativo, o que é ruim para a qualidade dos ativos dos bancos", afirmou em conferencia em São Paulo.

Ceres notou que os bancos mapearam o risco, provisionando, mas que a taxa de inadimplência acima de 90 dias não é a única métrica para a qualidade dos bancos.

"Olhamos as reestruturações e elas cresceram e seguem crescendo", pontuou. "Esperamos que uma parte do crédito renegociado volte a ficar inadimplente, comprometendo a qualidade dos ativos", disse.

A analista chamou a atenção para o número que mostra que 10% da carteira dos bancos está em nível D-H, que exigem provisão de até 100%, em consequência do aumento forte no fluxo de recuperação judicial, sobretudo influenciado pelas grandes empresas.

"Vamos continuar observando e monitorando", afirmou.

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