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Reforma da Previdência já perdeu um terço do impacto previsto inicialmente

Proposta do governo previa economia de R$ 1.236,5 bilhões em 10 anos. Mudanças na Câmara tiraram R$ 303 bilhões e Senado tirou mais R$ 133 bi

Dinheiro: proposta inicial do governo previa economia de R$ 1.236,5 bilhões (Thiago Santos/Getty Images)

João Pedro Caleiro

Publicado em 2 de outubro de 2019 às 19h26.

Última atualização em 2 de outubro de 2019 às 19h35.

Os senadores drenaram R$ 133,2 bilhões do impacto com a reforma da Previdência em dez anos no primeiro turno de votação da proposta.

O maior prejuízo decorreu da retirada das mudanças no abono salarial, votada na terça no plenário em momento de apagão na articulação do governo.

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A perda líquida na potência fiscal com a reforma foi menor do que na Câmara, que retirou ou amenizou pontos e diminuiu a economia em R$ 303 bilhões.

No entanto, o resultado tem sido considerado mais surpreendente porque na Câmara, além de a discussão ter durado mais tempo, uma comissão de senadores já vinha acompanhando os debates para propor eventuais ajustes nessa primeira fase da tramitação.

O relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi responsável por retirar R$ 56,8 bilhões da proposta.

Ele sugeriu mudanças para compensar a perda por meio da chamada PEC paralela que pretende fazer ajustes na reforma principal. O baque maior veio do plenário, com a derrubada da alteração no abono.

Confira todas as mudanças feitas pelo Senado:

- Abono salarial: na mudança mais recente, os senadores reverteram as alterações no pagamento do abono. A proposta aprovada na Câmara restringia o benefício, no valor de um salário mínimo (R$ 998), a quem recebe até R$ 1.364,43 por mês. Agora, ficam valendo as regras atuais, que garantem o repasse a quem ganha até dois salários mínimos. Impacto: R$ 76,4 bilhões.

- Pensões: o Senado voltou a vincular todas as pensões por morte ao salário mínimo. A proposta aprovada pela Câmara permitia o pagamento abaixo do piso em determinados casos. Impacto: R$ 27,1 bilhões.

- BPC: o Senado retirou o trecho que pretendia colocar na Constituição os critérios para a concessão do Benefício de Prestação Continuada, pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. A ideia era evitar e enxurrada de ações na Justiça, que estabelecem faixas de rendimento variadas para conceder o pagamento. Impacto: R$ 23,4 bilhões.

- Aposentadoria especial: o Senado retirou o dispositivo que elevava os pontos exigidos para a aposentadoria especial de trabalhadores expostos a agentes nocivos, como os mineiros. Na prática, ao longo do tempo esses trabalhadores teriam que contribuir mais tempo para ter acesso ao benefício. Impacto: R$ 6,3 bilhões.

- Anistiados políticos: o governo queria cobrar alíquota previdenciária sobre os benefícios pagos a anistiados políticos - muitos recebem até acima do teto do INSS (hoje em R$ 5.839 45). O Senado, porém, derrubou a mudança. Impacto: R$ 1 bilhão, valor que não estava contabilizado nas estimativas da reforma.

O IMPACTO DA REFORMA

Proposta do governo: R$ 1.236,5 bilhões

Texto da Câmara: R$ 933,5 bilhões

Texto do Senado (1º turno): R$ 800,3 bilhões

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