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Redirecionar exportações para mercado interno tem limites estruturais

Caso possua uma pauta diversificada, o exportador baseado no Brasil se defronta com um mercado mundial com crescimento maior e volatilidade menor do que a demanda doméstica, diz o economista Edward Amadeo

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.

Foi-se o tempo em que o exportador brasileiro só vendia no exterior quando não achava comprador no mercado doméstico. Na avaliação de Edward Amadeo, da consultoria Tendências, o fim dos "excedentes exportáveis" -- produtos que o fabricante exportava por não encontrar demanda interna -- traz implicações sobre o controle dos preços. O núcleo da inflação (índice que desconsidera preços cujas variações foram muito acima ou muito abaixo da média) permanece muito alto, diz o economista, o que pode indicar excesso de demanda. Uma forma de debelar essa pressão seria reduzir as quantidades exportadas, favorecendo o suprimento da economia brasileira. Porém há restrições estruturais que impedem esse redirecionamento.

Entre elas, está a ampliação do acesso a fontes definanciamentoexterno pela presença no mercado internacional, além da redução de seu custo, já que o faturamento em moedas conversíveis reduz o risco cambial. Na hipótese de uma redução de exportações para atender ao mercado interno, a empresa está na verdade limitando as oportunidades de financiamento, jogando fora uma vantagem competitiva essencial (leia reportagem de EXAMEsobre as dificuldades para as empresas brasileiras financiarem as operações).

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Além disso, as empresas sediadas no Brasil não estão aqui apenas porque o mercado local é grande, mas por conta de vantagens como o acesso a matérias-primas e custo de mão-de-obra que são empregadas na conquista e consolidação de muitos mercados, brasileiros ou não, segundo a estratégia global de cada companhia. Caso possua uma pautadiversificada, o exportador baseado no Brasil se defronta com um mercado mundial cujo crescimento é maior e a volatilidade menor do que a do mercado doméstico. Há, portanto, perdas ao deslocar oferta do resto do mundo para o Brasil.

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