Economia

R$ 9 trilhões: o preço para o Brasil resolver sua infraestrutura

Em 2017, o Brasil investiu em infraestrutura menos do suficiente para repor o que estraga com o tempo

 (Ueslei Marcelino/Reuters)

(Ueslei Marcelino/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de janeiro de 2018 às 18h00.

Última atualização em 15 de janeiro de 2018 às 19h01.

São Paulo - A economia do Brasil voltou a crescer em 2017, mas é difícil encontrar boas notícias quando o assunto é infraestrutura.

Apenas 87 bilhões de reais, ou 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto) foram investidos no setor no ano, a pior taxa da história e insuficiente sequer para repor a depreciação do que já existe.

Os números foram divulgados nesta segunda-feira (15) pelo infra2038, projeto quer colocar o Brasil entre os 20 melhores países no pilar de infraestrutura do ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial até 2038.

É um desafio e tanto: como estamos hoje no 72º lugar, precisaríamos subir no mínimo 52 posições em 20 anos para chegar ao objetivo.

"Investir em infraestrutura gera um círculo tão virtuoso que é difícil compreender por que ficamos tão para trás nas últimas décadas", diz Diogo Mac Cord de Faria, coordenador do projeto, em artigo para EXAME.

O cálculo do infra2038 é que precisaremos investir R$ 8,7 trilhões nos próximos 20 anos.

A conta seria dividida em 37% para ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, 27% para energia elétrica, 16% para telecomunicações, 11% para saneamento e 9% para mobilidade urbana.

Isto seria suficiente para mais do que dobrar nosso estoque atual de infraestrutura, de 36% do PIB (2,3 trilhões de reais) para 77% do PIB (ou 7,4 trilhões de reais).

O objetivo é que em 2038, já considerando o crescimento da economia até lá, o país esteja investindo 6,5% do PIB em infraestrutura todo ano. Parece muito, mas é o que o país investia nos anos 70.

A recomendação do relatório é que 2018 e 2019 sejam dedicados a novos projetos e estudos que viabilizam novas concessões a partir de 2020.

Todos os setores deverão aumentar o investimento, mas alguns terão que acelerar mais do que os outros: é o caso de mobilidade urbana e ferrovias, por exemplo.

"Não haverá setores 'ganhadores' e 'perdedores', já que estamos tão atrasados em nossa infraestrutura que haverá espaço para todos avançarem de forma significativa", diz o relatório, que promete refinar os números em documentos posteriores.

No início de dezembro, o infra2038 promoveu um evento em São Paulo com vários especialistas do setor.

Incerteza regulatória, gestão e financiamento foram citados como obstáculos que precisam ser equalizados para viabilizar as metas de investimento em infraestrutura no país.

O relatório do infra2038 considera, por exemplo, uma compensação pela baixa produtividade brasileira na comparação internacional.

Os números de estoque incluem um prêmio de 25% para ajustar pela baixa eficiência da construção civil brasileira e a necessidade de se aproximar da fronteira tecnológica dos diferentes setores.

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