Economia

Gasolina sobe R$ 0,22 em dois dias; BH tem o dobro da alta e lidera nas maiores capitais

Variação nacional da gasolina ficou em linha com o esperado após reoneração, enquanto alta nas grandes capitais ficou acima da média. Diesel também subiu, apesar de corte da Petrobras

Posto de combustível: alta média de R$ 0,22 na gasolina após reoneração (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Posto de combustível: alta média de R$ 0,22 na gasolina após reoneração (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Carolina Riveira
Carolina Riveira

Repórter de Economia e Mundo

Publicado em 3 de março de 2023 às 19h44.

Última atualização em 3 de março de 2023 às 19h44.

Os primeiros reflexos da combinação entre corte da Petrobras e reoneração de impostos federais nos combustíveis apareceram logo nos dias seguintes ao anúncio das mudanças. O preço da gasolina apresentou alta imediata em 26 dos 27 estados da federação; em parte dos lugares, a alta ficou dentro do previsto, enquanto, em outros, superou a média esperada e chegou a subir mais de 9% por litro.

Na média, o preço da gasolina subiu R$ 0,22 no Brasil entre a segunda-feira, 27 de fevereiro, e a quarta-feira, 1º de março, segundo levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL) feito a pedido da EXAME. A quarta-feira foi o primeiro dia com as novas alíquotas de PIS/Cofins em vigor e, paralelamente, do preço menor da Petrobras.

"Podemos identificar um reflexo de acréscimo nos postos", disse em nota Douglas Pina, Diretor-Geral de Mobilidade da Edenred Brasil, responsável pelo levantamento.

No período, o diesel também teve aumento na média de preço aplicado nos postos, embora não tenha sido afetado pelos tributos, que permaneceram zerados.

O Amazonas teve a maior alta no período tanto no diesel quanto na gasolina, enquanto, das maiores capitais pesquisadas, Belo Horizonte teve a maior alta na gasolina, que subiu o dobro da média nacional. Veja as variações na gasolina e no diesel em cada localidade.

Quanto subiram a gasolina e o diesel?

No período entre 27 de fevereiro e 1º de março, primeiro dia em que as mudanças nos tributos e preços da Petrobras entraram em vigor, a variação média dos combustíveis, segundo o índice Ticket Log, foi:

  • Na média nacional, a gasolina comum subiu R$ 0,22, para R$ 5,63 0 litro vendido em 1º de março;
  • O etanol subiu R$ 0,02, para R$ 4,40;
  • O diesel S10 subiu na média R$ 0,03 no período; para R$ 6,45.
  • O diesel comum caiu R$ 0,05, para R$ 6,27.

    Em qual estado a gasolina subiu mais?

    O estado onde a gasolina mais subiu nesse intervalo foi o Amazonas, com alta de R$ 0,53 (9,4%) em 1º de março frente ao preço que era praticado em 27 de fevereiro no Índice de Preços Ticket Log. Em seguida vem o Rio Grande do Sul, com alta de R$ 0,41 (8%).

    No diesel, o Amazonas também liderou as altas. O preço do diesel S-10 praticado nos postos em 1º de março ficou em média R$ 0,44 mais caro (7%). Em seguida veio o Acre, com alta de R$ 0,23 (3,3%). Veja na tabela abaixo como ficou o preço do diesel e da gasolina nos estados.

    Belo Horizonte tem o dobro de alta

    A Ticket Log também analisou como foi a variação de preço em quatro das maiores cidades brasileiras (Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo) e constatou que o efeito nessas capitais foi maior que a média.

    • Belo Horizonte liderou nesse grupo: a variação na capital mineira foi o dobro da média nacional, com gasolina subindo R$ 0,45 (quase 9%) no intervalo de dois dias, de R$ 5,08 para R$ 5,53.
    • Já Brasília é a que teve a média mais cara da gasolina, que foi a R$ 5,82, com alta de R$ 0,31.

    O diesel, por sua vez, subiu em Belo Horizonte (alta de R$ 0,08) e em Brasília (alta de R$ 0,04), mas não subiu no Rio de Janeiro e em São Paulo neste primeiro dia.

    Média fica dentro do esperado inicialmente

    Na média nacional, a variação da gasolina ficou dentro da esperada, ao menos por enquanto: a Abicom, associação de importadores de combustível, calculava que com a combinação entre volta dos tributos e corte da Petrobras, a gasolina subiria em torno de R$ 0,25 ao cliente final.

    O levantamento, ainda assim, diz respeito somente ao impacto inicial, e será preciso aguardar os próximos dias para entender como os preços se comportam no restante da semana.

    A Petrobras cortou em R$ 0,13 o preço da gasolina e R$ 0,08 o do diesel em suas refinarias a partir de 1º de março, enquanto os impostos federais (que estavam temporariamente zerados) voltaram com alíquota de R$ 0,47 no litro de gasolina e R$ 0,02 no litro de etanol no mesmo dia. O custo para manter a desoneração é de R$ 26 bilhões de reais ao ano para a União.

    A decisão da Fazenda foi por retornar com alíquotas menores do que as que existiam anteriormente. Se os impostos fossem retomados como eram, a alta seria maior: a Abicom estimava antes da divulgação das alíquotas aumento de R$ 0,69 na gasolina e R$ 0,24 no etanol. O etanol também foi privilegiado, segundo a Fazenda, por ser um biocombustível.

    Já o diesel permaneceu com impostos federais zerados por sua importância na cadeia logística e transporte público. Entenda aqui o que mudou nos preços e as polêmicas envolvidas.


    Como são definidos os preços de combustíveis?

    O preço médio visto na bomba pelo consumidor final varia de posto a posto. O valor depende do preço nas refinarias, da margem de lucro das distribuidoras ao longo da cadeia de produção e dos impostos, federais ou locais (o ICMS estadual, por exemplo, varia de estado para estado). O litro final vendido ao consumidor conta ainda com 27% de etanol anidro (caso da gasolina) e 10% de biodiesel (caso do diesel).

    O preço estabelecido pela Petrobras não responde por todo o valor cobrado dos consumidores, embora a estatal tenha influência no debate porque respondia durante a pandemia, em média, por 80% do refino da gasolina consumida no Brasil e 70% do diesel (os números reais são hoje mais incertos, após parte das refinarias ter sido privatizada).

    Além da estatal, parte do combustível consumido no Brasil já vem de refinarias recentemente privatizadas e de importadores, que vendem o combustível a preços mais próximo ao mercado internacional e preço do dólar, independentemente da concorrência da Petrobras. Fatores como o preço do dólar em relação ao real e a cotação do barril de petróleo no exterior (que bateu recordes com a guerra na Ucrânia) afetam o cálculo do custo nas refinarias, tanto da Petrobras quanto nas já privatizadas.

     

     

     

     

     

    Acompanhe tudo sobre:GasolinaÓleo dieselpostos-de-gasolina

    Mais de Economia

    AGU pede revisão de parte da decisão de Dino que liberou emendas

    Câmara adia votação do pacote de corte de gastos após impasse com STF por emendas

    Reforma tributária: após reunião com Haddad, Braga diz que trabalha para fechar relatório até amanhã

    Ceron: idade mínima para reserva de militares está em “revisão” e isenção do IR fica para 2025