Economia

Próximo boom de energia da América Latina começa com US$ 14 bi

A transmissão se tornou crucial porque parques solares e eólicos foram construídos tão rapidamente que a nova capacidade ultrapassou o alcance das redes

Energia renovável: “A América Latina está com pressa porque não coordenou a expansão da geração com a construção de infraestrutura nova” (Ssuaphoto/Thinkstock)

Energia renovável: “A América Latina está com pressa porque não coordenou a expansão da geração com a construção de infraestrutura nova” (Ssuaphoto/Thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2017 às 18h17.

São Paulo - O próximo boom de energia na América Latina ocorrerá com as linhas de transmissão a longa distância. A notícia é boa, porque está surgindo um excesso de energia solar e eólica em parques remotos sem conexão à rede elétrica.

Brasil e México planejam pelo menos seis leilões para escolher construtoras para projetos de transmissão nos próximos dois anos que poderiam atrair US$ 14 bilhões em investimentos, e o Chile espera finalizar uma grande linha de energia em 2017.

A Argentina, retardatária em energia limpa, espera escapar da falta de conexão desenvolvendo simultaneamente novas usinas e expandindo sua rede de cabos.

A transmissão se tornou crucial porque incorporadores latino-americanos construíram parques solares e eólicos tão rapidamente que a nova capacidade ultrapassou o alcance das redes de transmissão.

Algumas usinas estão prontas e permanecem paradas porque não têm como transmitir energia aos consumidores, o que cria gargalos de eletricidade involuntários.

“A América Latina está com pressa porque não coordenou a expansão da geração com a construção de infraestrutura nova”, disse Ramón Fiestas, presidente do conselho do Comitê Latino-Americano do Conselho Mundial de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês). “ A conexão é um problema.”

O Brasil tem 355 megawatts de parques eólicos terminados e prontos para fornecer energia, mas que continuam esperando uma conexão à rede.

O México tem pelo menos 5.000 megawatts de parques solares e eólicos praticamente prontos para começar a construção, mas que continuam esperando as linhas de transmissão de que precisam para competir em leilões de energia.

No Chile, a escassez de transmissão significa que algumas regiões têm tanta energia solar que os preços às vezes caem a zero. A energia não utilizada, ou presa em uma região, pode elevar os preços em outros lugares.

“Se uma região está congestionada, os consumidores têm que pagar pela falta de transmissão”, disse Leopoldo Rodríguez, presidente da Associação Mexicana de Energia Eólica.

A empresa italiana Enel Green Power tem cinco parques eólicos no Brasil prontos para produzir energia.

As linhas de transmissão que vão conectá-los à rede só ficarão prontas no fim de agosto, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A Enel tem o pagamento garantido em caso de atraso da conexão, de acordo com Carlo Zorzoli, gerente da empresa no Brasil. Ele não revelou quanto a empresa ganha.

Os contratos foram concedidos aos projetos em leilões realizados antes de 2013, e eventos subsequentes não incluem garantias desse tipo, o que aumenta o risco para os incorporadores.

O Brasil tem planejado três leilões de transmissão neste ano e espera atrair cerca de R$ 26 bilhões (US$ 8,2 bilhões) em investimentos privados. O primeiro foi realizado em 24 de abril e atraiu R$ 12,7 bilhões em ofertas para novas linhas.

O País precisa adicionar cerca de 44.000 quilômetros até 2023 para sustentar a nova capacidade de geração.

Cerca de 16.500 quilômetros de linhas de transmissão que deveriam ter entrado em funcionamento por volta do final de 2016 estão atrasados, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaEnergiaInvestimentos de empresas

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor