Produção industrial cai 2,6% em junho e semestre fecha em 0,1%
A indústria brasileira fechou o primeiro semestre do governo Lula completamente estagnada, com um crescimento de 0,1%. Apenas em junho, a produção industrial brasileira caiu 2,6% na comparação com o mês anterior, já descontadas as influências sazonais. No confronto com junho do ano passado, também houve queda (-2,1%). No índice de base fixa com ajuste […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.
A indústria brasileira fechou o primeiro semestre do governo Lula completamente estagnada, com um crescimento de 0,1%. Apenas em junho, a produção industrial brasileira caiu 2,6% na comparação com o mês anterior, já descontadas as influências sazonais. No confronto com junho do ano passado, também houve queda (-2,1%). No índice de base fixa com ajuste sazonal, a produção do mês de junho atingiu o patamar mais baixo desde dezembro de 2001. As informações são da pesquisa mensal da indústria do IBGE.
No primeiro semestre de 2003, a atividade fabril mostrou estabilidade, com variação de 0,1% em relação a igual período de 2002. O crescimento praticamente nulo se deve à trajetória de queda apresentada desde abril. Apesar de a produção ter crescido 2,5% no primeiro trimestre deste ano, frente a igual período de 2002, ela caiu 2,1% no segundo trimestre, no mesmo tipo de comparação.
O resultado decepciona totalmente os analistas. O s analistas do CSFB estimavam que a produção industrial cresceria 1% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado. "A divulgação de outros indicadores nacionais (produção de automóveis, aço, papelão ondulado, produção de petróleo, entre outros), nos levou a projetar para a produção industrial nacional de junho do IBGE estabilidade em termos dessazonalizados contra maio deste ano e um aumento de 1% contra junho de 2002", afirma o banco.
Os índices de média móvel trimestral também confirmam o quadro de queda na produção da indústria nos últimos meses. O indicador é declinante desde dezembro de 2002, sendo que a perda entre o último trimestre de 2002 e o primeiro de 2003 (-1,0%) foi mais suave que a queda observada entre o primeiro e o segundo trimestres de 2003 (-2,6%).
A queda de 2,6% em junho/maio 2003, reflete as reduções observadas em 14 dos 20 ramos pesquisados. No corte por categorias de uso, apenas o segmento de bens de consumo duráveis cresceu nesse período (0,9%), enquanto nas demais áreas as quedas foram as seguintes: bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-1,7%); bens intermediários (-2,4%) e bens de capital (-6,2%).
Já a queda de 2,1% no confronto junho 2003/junho 2002 ocorreu em função dos índices negativos de 13 ramos industriais e da queda em todas as categorias de uso.
As reduções mais importantes entre os ramos industriais foram as de extrativa mineral (-7,0%), material elétrico e de comunicações (-8,3%) e têxtil (-10,0%). Entre os ramos que alcançam crescimento, os destaques são, pelo seu impacto no índice global, metalúrgica (5,2%) e mecânica (5,6%).
As quedas por categoria de uso foram as seguintes: bens de capital: -6,4%; bens intermediários: -2,6%; bens de consumo duráveis: -2,5% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis: -0,6%.
Em bens de capital, a manutenção de resultados positivos no subsetor de bens de capital para a agricultura (37,6%) não foi suficiente para neutralizar o impacto negativo das quedas nos bens de capital para energia elétrica (-36,1%), para o setor de construção (-28,1%) e para o setor de transporte (-3,8%).
Entre os bens intermediários, merece destaque o índice negativo apresentado pela área de petróleo e gás natural (-8,9%). A paralisação para reparos em algumas plataformas de petróleo em junho deste ano explica esse movimento. A produção de insumos industriais elaborados (-2,7%) também teve impactos importantes no resultado global da categoria.
Ainda no indicador junho 2003/junho 2002, tanto a produção de bens de consumo duráveis (-2,5%), quanto a de bens de consumo semi e não duráveis (-0,6%), mostraram quedas mais suaves do que as que apresentaram, em média, nos cinco meses anteriores (-4,9% e -4,0%, respectivamente). Entre os duráveis de consumo, o principal destaque negativo é o comportamento do grupo eletrodomésticos(-10,2%), enquanto o item motocicletas (46,7%) se mantém com taxa de crescimento expressiva. Na área de semi e não duráveis, o segmento de semiduráveis (-9,2%) permanece pressionando negativamente.
O movimento de queda no segundo trimestre foi generalizado pelas categorias de uso. Atingiu inclusive a produção de bens intermediários, que passa de um crescimento de 4,4%, no primeiro trimestre, para uma queda de 1,4% no período seguinte. Nas demais categorias de uso, essas taxas foram de, respectivamente: 0,5% e -4,5% em bens de capital; -0,5% e -8,1% em bens de consumo duráveis; e -2,9% e -3,9% para o segmento de bens de consumo semi e não duráveis.
O índice de 0,1% para o fechamento do primeiro semestre está apoiado, basicamente, no crescimento das indústrias mecânica (10,1%), metalúrgica (6,3%) e de extração mineral (2,0%). Nestas destacam-se os subsetores de tratores e máquinas rodoviárias, inclusive peças e acessórios (14,8%), produtos siderúrgicos (11,3%) e petróleo e gás natural (1,4%).
Dentre os 12 ramos industriais com queda de produção, os que mais pressionam o índice global são tipicamente identificados com o desempenho da demanda interna: material elétrico e de comunicações (-6,9%), vestuário e calçados (-14,8%), têxtil (-8,5%) e farmacêutica (-16,2%).
Os índices por categorias de uso mostram que, no acumulado do primeiro semestre, apenas a área de bens intermediários (1,4%) alcançou crescimento. Os segmentos de bens de consumo duráveis (-4,5%) e semiduráveis e não duráveis (-3,4%) tiveram as quedas mais acentuadas. Houve redução também em bens de capital (-2,1%).
Em síntese, os índices de junho deste ano mostram uma acentuação na trajetória declinante da produção industrial, com os segmentos de bens intermediários e de bens de capital se destacando, neste momento, com as maiores quedas. Esse movimento sugere que a perda de ritmo, que nos meses anteriores estava mais concentrada em bens de consumo, estaria chegando de forma mais acentuada ao segmento de bens intermediários. Nesse quadro, também há um recuo mais significativo nos investimentos, expresso na queda da fabricação de máquinas e equipamentos.