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Produção de cana cresce em ritmo menor com menos renovações

Produção deverá crescer devido a menos investimentos na renovação dos canaviais ao longo do último ano

Usina de processamento de cana-de-açúcar na Unidade Industrial Cruz Alta da Guarani, próximo de São José do Rio Preto (Paulo Fridman/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2014 às 16h26.

São Paulo - A produção de cana-de-açúcar no centro sul do Brasil crescerá em um ritmo menor na safra 2014/15, devido a menos investimentos na renovação dos canaviais ao longo do último ano, afirmou um especialista nesta quarta-feira.

Nas últimas duas temporadas, o crescimento anual da moagem de cana da principal região produtora do Brasil foi de 7 por cento e de 12 por cento, mas em 14/15 o aumento esperado na safra é de somente 3 por cento, para 618 milhões de toneladas, na medida em que os preços baixos do açúcar no mercado internacional desestimularam investimentos, disse o analista da Safras & Mercado Maurício Lima Muruci.

"É questão de rentabilidade... os preços do açúcar em Nova York estão em queda desde 2011, temos três anos de queda no mercado, isso tira a motivação para investir, esse é o motivo central", afirmou ele, em entrevista à Reuters.

Os preços do açúcar em Nova York caíram abaixo do patamar psicológico de 15 centavos de dólar por libra-peso nesta quarta-feira, com os seguidos excedentes globais no mundo pesando sobre os futuros.

O crescimento esperado para 14/15 na moagem no centro-sul --cuja colheita começa oficialmente em 1o de abril--, ainda que pequeno, é fruto dos investimentos feitos em anos anteriores nos canaviais, muitos deles com apoio do governo, que permitirão ganhos de produtividade.

No primeiro ano de corte, a cana pode render o dobro de uma lavoura de seis anos, quando é aconselhada a renovação do canavial; o rendimento no campo vai caindo à medida que a plantação envelhece.

Segundo Muruci, a produção de açúcar ainda crescerá no centro-sul em 14/15, mas apenas porque a commodity tradicionalmente tem rentabilidade maior que o etanol.


"Mesmo com preços em queda, as usinas acabam produzindo açúcar a contragosto... o açúcar tem um nível de aproveitamento de ATR (Açúcar Total Recuperável da cana) bem maior que o etanol", disse.

Segundo a Safras, a média da rentabilidade do açúcar, desde janeiro de 2008, é 42 por cento acima do etanol. Recentemente, o índice ficou entre 8 e 9 por cento.

Dessa forma, a produção de açúcar deve crescer 2,9 por cento em 14/15, para 35 milhões de toneladas no centro-sul, que responde por cerca de 90 por cento da safra nacional.

A cotação do dólar mais forte no Brasil limita as perdas em reais do açúcar, mas, lembrou o analista, na hora de investir muitas vezes a usina têm gastos na moeda norte-americana, o que acaba apagando o ganho cambial na venda do açúcar.

Etanol

Já a produção de etanol do centro-sul deve crescer 8,75 por cento, para 28 bilhões de litros, uma vez que no caso do biocombustível há garantia de demanda interna --no acumulado da safra passada, até dezembro, as vendas de etanol cresceram mais de 15 por cento.

"O etanol tem demanda garantida em volume, mas o preço do etanol também é problemático, tem a questão da paridade com a gasolina, o etanol pode custar até 70 por cento, e os preços da gasolina são administrados", disse ele, ressaltando que o "nível de pessimismo da classe empresarial do setor é extremamente alto".

Para o consumidor brasileiro, não vale a pena abastecer o carro com etanol se a relação de preço com a gasolina estiver acima de 70 por cento, uma vez que o combustível fóssil rende mais do que o renovável.

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São Paulo - A produção de cana-de-açúcar no centro sul do Brasil crescerá em um ritmo menor na safra 2014/15, devido a menos investimentos na renovação dos canaviais ao longo do último ano, afirmou um especialista nesta quarta-feira.

Nas últimas duas temporadas, o crescimento anual da moagem de cana da principal região produtora do Brasil foi de 7 por cento e de 12 por cento, mas em 14/15 o aumento esperado na safra é de somente 3 por cento, para 618 milhões de toneladas, na medida em que os preços baixos do açúcar no mercado internacional desestimularam investimentos, disse o analista da Safras & Mercado Maurício Lima Muruci.

"É questão de rentabilidade... os preços do açúcar em Nova York estão em queda desde 2011, temos três anos de queda no mercado, isso tira a motivação para investir, esse é o motivo central", afirmou ele, em entrevista à Reuters.

Os preços do açúcar em Nova York caíram abaixo do patamar psicológico de 15 centavos de dólar por libra-peso nesta quarta-feira, com os seguidos excedentes globais no mundo pesando sobre os futuros.

O crescimento esperado para 14/15 na moagem no centro-sul --cuja colheita começa oficialmente em 1o de abril--, ainda que pequeno, é fruto dos investimentos feitos em anos anteriores nos canaviais, muitos deles com apoio do governo, que permitirão ganhos de produtividade.

No primeiro ano de corte, a cana pode render o dobro de uma lavoura de seis anos, quando é aconselhada a renovação do canavial; o rendimento no campo vai caindo à medida que a plantação envelhece.

Segundo Muruci, a produção de açúcar ainda crescerá no centro-sul em 14/15, mas apenas porque a commodity tradicionalmente tem rentabilidade maior que o etanol.


"Mesmo com preços em queda, as usinas acabam produzindo açúcar a contragosto... o açúcar tem um nível de aproveitamento de ATR (Açúcar Total Recuperável da cana) bem maior que o etanol", disse.

Segundo a Safras, a média da rentabilidade do açúcar, desde janeiro de 2008, é 42 por cento acima do etanol. Recentemente, o índice ficou entre 8 e 9 por cento.

Dessa forma, a produção de açúcar deve crescer 2,9 por cento em 14/15, para 35 milhões de toneladas no centro-sul, que responde por cerca de 90 por cento da safra nacional.

A cotação do dólar mais forte no Brasil limita as perdas em reais do açúcar, mas, lembrou o analista, na hora de investir muitas vezes a usina têm gastos na moeda norte-americana, o que acaba apagando o ganho cambial na venda do açúcar.

Etanol

Já a produção de etanol do centro-sul deve crescer 8,75 por cento, para 28 bilhões de litros, uma vez que no caso do biocombustível há garantia de demanda interna --no acumulado da safra passada, até dezembro, as vendas de etanol cresceram mais de 15 por cento.

"O etanol tem demanda garantida em volume, mas o preço do etanol também é problemático, tem a questão da paridade com a gasolina, o etanol pode custar até 70 por cento, e os preços da gasolina são administrados", disse ele, ressaltando que o "nível de pessimismo da classe empresarial do setor é extremamente alto".

Para o consumidor brasileiro, não vale a pena abastecer o carro com etanol se a relação de preço com a gasolina estiver acima de 70 por cento, uma vez que o combustível fóssil rende mais do que o renovável.

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