"Prévia" do PIB cai 0,16% em julho; em um ano, alta é de 1,31%, diz BC
A queda mostra o pior resultado para o mês em três anos e interrompe a sequência de dois aumentos mensais consecutivos do índice
Ligia Tuon
Publicado em 13 de setembro de 2019 às 09h47.
Última atualização em 13 de setembro de 2019 às 11h22.
São Paulo - O IBC-Br de julho, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, indicou um recuo de 0,16% na economia no mês, divulgou o Banco Central nesta sexta-feira (13).
A queda foi opior resultado para o mês em três anos e interrompe uma sequência de dois aumentos mensais consecutivos do índice.
Na comparação com julho de 2018, o IBC -Br subiu 1,31%. No acumulado em 12 meses, avançou 1,07%.
O acumulado em 12 meses mostra perda de ritmo, já que, no período até junho, a alta era de 1,13%.
Em junho, o índice subiu 0,34% sobre maio, em dados ajustados pelo BC. Em maio, a alta havia sido de 1,16% sobre abril.
A busca por uma situação fiscal menos crítica, consolidada pelo avanço da agenda de reformas do governo é fator determinante para que a economia deixe de mostrar desempenho ruim, segundo Alberto Ramos, chefe de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs.
"O progresso em direção à consolidação fiscal nos níveis federal e subnacional continua sendo, em nossa avaliação, essencial para ancorar o sentimento do mercado, apoiar o sentimento do consumidor e dos negócios e alavancar o que tem sido até agora uma recuperação extremamente superficial e decepcionante", escreveu o economista em relatório divulgado hoje após o anúncio do índice.
O Ministério da Economia divulgou na semana passada uma variação para cima, de 0,81% para 0,85%, na expectativa para o crescimento em 2019.
O IBC-Br é divulgado todos os meses pelo BC. Já o PIB sai a cada três meses e é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE ).
Contraste
A queda do índice em julho sobre junho contrasta com alguns indicadores mais positivos do começo do terceiro trimestre.
Na véspera, o IBGE informou que a atividade no setor de serviços do Br asil teve o melhor julho desde 2011. Também nesta semana, o instituto reportou que as vendas no varejo tiveram o melhor mês de julho em seis anos.
Em ambos os casos, porém, analistas do IBGE destacaram que uma recuperação consistente ainda é uma incógnita, devido ao elevado nível de desemprego e ao ritmo lento da atividade como um todo.
Os indicadores de agosto seguem mostrando cenário incerto. O setor manufatureiro cresceu no mês passado no ritmo mais rápido em cinco meses, enquanto a atividade no setor de serviços perdeu fôlego, conforme índices de gerentes de compras (PMIs) do IHS Markit.
A fraqueza na atividade tem referendado apostas de cortes de juros pelo Banco Central, que anuncia na próxima quarta-feira sua decisão de política monetária.
Analistas de mercado esperam que a taxa básica de juros (Selic) seja reduzida dos atuais 6% para 5% até o fim do ano.
Enquanto isso, projetam que o PIB aumentará 0,87%, com crescimento limitado por uma esperada contração na indústria.