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Política tributária traz incertezas para economia, diz Yellen

Com as promessas de Trump de corte de impostos e um grande aumento de gastos, Yellen alertou que a política tributária receberá muita atenção

Yellen: ela alertou que um plano de gastos deve ser consistente, colocando o orçamento em uma "trajetória sustentável"
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AFP

Publicado em 14 de fevereiro de 2017 às 17h48.

Possíveis mudanças na política tributária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , estão entre os fatores que trazem "incerteza" ao panorama político, disse nesta terça-feira a titular do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen .

Ela alertou que um plano de gastos deve ser consistente, colocando o orçamento em uma "trajetória sustentável".

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O Banco Central decidirá em suas próximas reuniões de política monetária - a próxima é de 14 a 15 de março - se aumentará a taxa de juros depois de a inflação ter se aproximado da meta do Fed de dois por cento e com o fortalecimento do emprego, disse Yellen em seu pronunciamento semestral ao Congresso.

Seus comentários sobre a política monetária deram poucas dicas adicionais sobre o momento do próximo aumento da taxa de juros pelo Fed.

Ela apenas repetiu afirmações familiares de que "a política monetária não tem um curso pré-estabelecido" e que decisões serão tomadas "em resposta a mudanças nas perspectivas econômicas e associadas aos riscos informados pelos dados econômicos ".

Com as promessas de Trump de corte de impostos e um grande aumento de gastos, Yellen alertou que a política tributária receberá muita atenção.

Embora ela tenha ressaltado que não iria se alongar sobre impostos específicos ou propostas de gastos, ela repetiu "a importância de melhorar o ritmo de crescimento econômico de longo prazo e elevar o padrão de vida americano com políticas destinadas a melhorar a produtividade".

O Fed frequentemente lembra que o fraco crescimento econômico é em parte resultado de pequenos aumentos de produtividade nos últimos anos.

O medo é de que a injeção de moeda em uma economia próxima ao pleno emprego dispare o gatilho da inflação, a menos que sejam implementadas políticas de estímulo à capacidade produtiva, por exemplo na área de infraestrutura, por meio da construção de estradas, portos e aeroportos.

O Fed é extremamente vigilante em relação à inflação, e políticas que levam a um aumento dos gastos na economia estimula o Banco Central americano a aumentar a taxa de juros mais rápido.

Embora Trump tenha criticado o Fed durante a campanha por manter os juros próximo de zero, supostamente para apoiar o então presidente Barack Obama, provavelmente ele não verá com bons olhos um aumento dos juros que possa inibir o crescimento econômico e os investimentos.

Otimista na economia

O Comitê de Política Monetária (FOMC) do Fed aumentou os juros em dezembro do ano passado pela segunda vez em uma década, mantendo-os em janeiro. Analistas procuram em Yellen um sinal de uma possível elevação em março.

Yellen não deu mais sinais do que seu otimismo em relação à economia.

Dados recentes sugerem que o mercado de trabalho continua a melhorar e que a inflação está subindo acima de 2%, e o FOMC irá "avaliar se emprego e inflação continuam alinhados à expectativa, o que provavelmente tornaria o ajuste da taxa de juros apropriado", disse a presidente do Fed.

Yellen também observou, como já havia feito, que esperar muito tempo para elevar a taxa de juros "seria imprudente", pois poderá forçar o Banco Central a aumentá-las mais rapidamente no futuro.

Ela observou que os ganhos de emprego foram em média 190.000 por mês no segundo semestre de 2016, para um total de 16 milhões de empregos criados desde o pior momento da crise em fevereiro de 2010. Outros 227.000 empregos foram adicionados em janeiro e o crescimento dos salários aumentou, indicando um mercado de trabalho próximo ao pleno emprego, com uma taxa de desemprego de 4,8%.

Segundo Yellen, as melhorias no mercado de trabalho podem ser verificadas em todos os grupos, incluindo os de afro-americanos e hispânicos, embora o desemprego entre as minorias permaneça "significativamente maior" do que a média nacional.

Enquanto isso, a economia tem crescido a um ritmo moderado, impulsionada pelos sólidos gastos dos consumidores, incluindo vendas recorde de automóveis no ano passado.

O índice de despesas de consumo pessoal, uma medida de inflação que o Fed observa com atenção, subiu para 1,6% em dezembro, ainda baixo, mas seguindo na direção certa aos olhos do Fed.

No entanto, segundo ela ela, ainda que o sentimento empresarial tenha melhorado, o investimento foi "relativamente suave" no ano passado, e "o fraco crescimento externo e a valorização do dólar nos últimos dois anos têm restringido a produção industrial".

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