Economia

Política industrial é bem-intencionada, mas contém equívocos, diz Ibre

Priorizar setores industriais que requerem elevados investimentos e mão-de-obra qualificada pode aprofundar a desigualdade no país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h27.

A política industrial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva representa um avanço para o país, mas não está isenta de equívocos, segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas. O principal é a intenção do poder público de apoiar somente alguns setores que requerem elevados investimentos materiais e de mão-de-obra qualificada, com o argumento de que são estratégicos para o país.

Para o Ibre, em vez de estimular o desenvolvimento do Brasil e fortalecer sua competitividade internacional, essa estratégia pode gerar o efeito contrário aprofundar as desigualdades. "Caso a eleição de alguns setores fosse às últimas conseqüências, e investimentos em outros segmentos se desviassem para os escolhidos, o efeito sobre a distribuição de renda provavelmente seria regressivo", afirma o instituto. A razão é que o governo e os investidores precisariam desviar recursos de outros ramos industriais para os escolhidos, a fim de concentrar capital suficiente para formar mão-de-obra qualificada e bancar as pesquisas e os riscos desses setores.

Isso não significa, de acordo com o Ibre, que políticas setoriais sejam sempre ineficientes. Mas o instituto afirma que os casos de sucesso dessas práticas são tão raros, que a intervenção pública sobre um segmento industrial tem muito mais chances de dar errado do que certo.

A alternativa mais adequada é a promoção de políticas públicas que permitam o desenvolvimento de um ambiente macroeconômico adequado para a expansão industrial, como o controle das contas públicas e da inflação. Medidas microeconômicas e setoriais só são bem-vindas, de acordo com o Ibre, quando fortalecem as condições de competitividade entre as empresas. Os exemplos citados pelo instituto são a elaboração de marcos regulatórios claros e estáveis, incentivos à qualificação da mão-de-obra, melhoria da infra-estrutura brasileira e fomento à inovação tecnológica.

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