Plano de resgate da UE é aprovado no primeiro teste
Bruxelas - O pacote de urgência para o resgate da União Europea (UE), que inclui a concessão inédita de 750 bilhões de euros para socorrer os sócios em apuros da zona do euro, superou a sua primeira prova nesta segunda-feira nos mercados, que reagiram com euforia. "Acho que é o começo do fim" da especulação […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Bruxelas - O pacote de urgência para o resgate da União Europea (UE), que inclui a concessão inédita de 750 bilhões de euros para socorrer os sócios em apuros da zona do euro, superou a sua primeira prova nesta segunda-feira nos mercados, que reagiram com euforia.
"Acho que é o começo do fim" da especulação contra o euro, declarou em Bruxelas o ministro Miguel Angel Moratinos, de Assuntos Exteriores da Espanha, país que exerce a presidência interina da União Europeia (UE).
"O acordo garantirá o fracasso de qualquer tentativa de enfraquecer a estabilidade do euro", assegurou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
A confiança demonstrada pelos líderes europeus na eficácia e solidez do pacote financeiro, que terá a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e incluirá uma ação conjunta dos principais bancos centrais do mundo, teve eco na evolução dos mercados no primeiro dia.
Depois de ter acumulado uma semana de perdas, as bolsas europeias foram contagiadas pelo clima de euforia: Madri fechou com uma alta histórica de 14,43%, Paris ganhou 9,66%, Frankfurt subiu 5,30% e Atenas registrou um aumento de 9,13%.
As bolsas asiáticas também fecharam com ganhos, embora mais modestos, e Wall Street subia 3,47% ao se aproximar da metade da sessão.
O euro recuperou sua força imediatamente depois de ter afundado no nível mais baixo em 15 meses na semana passada (1,2523 dólares) e era negociado a 1,2861 dólar por volta das 16h00 GMT (13h00 de Brasília).
Outra frente em que o plano europeu parecia reverter a tendência era no do mercado de títulos da dívida soberana.
Mas a dúvida que persiste é se esta tendência de melhora significa que a Europa conseguiu dissipar os temores de uma crise da dívida soberana na zona do euro e se blindar ante os ataques dos especuladores.
O plano financeiro aprovado pelos 27 não tem precedentes: consiste em um pacote de 440 bilhões de euros em empréstimos e garantias por parte dos Estados da zona do euro, aos quais se juntaram até 250 bilhões de euros do FMI e 60 bilhões da Comissão Europeia.
O Banco Central Europeu (BCE), assim como os bancos centrais da região, começaram nesta segunda-feira a comprar obrigações da dívida dos Estados, um gesto inédito que equivale a emprestar dinheiro aos governos.
Os principais bancos centrais mundiais, incluindo o BCE e o Fed americano, também anunciaram uma ação em conjunto, melhorando, principalmente, a concessão de dólares aos bancos europeus.
Mas a Alemanha conteve o entusiasmo: o fundo aprovado vai "reforçar e proteger o euro", mas a zona do euro deve "atacar os problemas pela raiz" e fortalecer a disciplina fiscal, advertiu a chanceler Angela Merkel.
A agência de classificação de risco Moody's indicou que continua pensando em voltar a rebaixar a nota da dívida soberana da Grécia, depois de tê-la degradado em dezembro.
Depois que a Grécia mergulhou em uma crise fiscal e forçou a zona do euro e o FMI a aprovar um resgate, o risco de contágio propagou-se para outros países fortemente endividados como Espanha e Portugal, a ponto de o futuro da zona do euro parecer estar por um fio.
Espanhóis e portugueses anunciaram que acelerarão seus planos de redução do déficit público em 2010 e em 2011. A Espanha assegurou no domingo que "não planeja recorrer" ao pacote financeiro.
Alguns analistas consideram que tempos difíceis ainda esperam a zona euro. "Mais crises virão, para a Grécia, Portugal, Espanha, ou até para Irlanda ou Itália, porque o euro" precisa ser apoiado por "um governo central forte", disse Peter Morici, professor da Universidade de Maryland, em Washington.
"A única maneira de sair desta crise de dívida soberana é com inflação, com a reestruturação da dívida por meio da quebra e da suspensão do euro em vários países", previu Stefano Harney, da Universidade de Londres.