Plano de reequilíbrio de contas do Rio prevê fusão de secretarias
Pacote anti-crise abange aumento da contribuição previdenciária paga pelo funcionalismo estadual, incluindo servidores inativos
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de outubro de 2016 às 12h42.
Brasília - Em meio a uma das maiores crises financeiras de sua história, o Estado do Rio de Janeiro prepara mais um pacote de medidas duras para tentar reequilibrar as contas. Uma delas será o aumento da contribuição previdenciária paga pelo funcionalismo estadual, incluindo servidores inativos, admitiu o governador Luiz Fernando Pezão.
O pacote, segundo apurou a Agência Estado envolve ainda criação de contribuição extraordinária para a Previdência, aumento de tributos, corte de incentivos fiscais, privatizações, fechamento de órgãos e fusão de secretarias.
De volta à ativa na semana que vem após ter se licenciado em março para tratar um câncer, Pezão reconheceu que o Rio tem de "se enquadrar", uma vez que a dívida estadual ultrapassou o limite. A Previdência é um dos maiores problemas para as finanças do governo - em 2015, o déficit foi de R$ 10,8 bilhões, segundo o Tesouro Nacional.
No desenho elaborado pela equipe do governador em exercício, Francisco Dornelles, o incremento nas contribuições previdenciárias pode consumir até cerca de 30% do salário dos servidores, mas essa fatia pode mudar. De qualquer maneira, é uma medida inédita no País.
O presidente da Federação das Associações e Sindicatos de Servidores Públicos no Estado do Rio de Janeiro (Fasp-RJ), Álvaro Ferreira Barbosa, acredita que a medida é inconstitucional.
"A Fasp é totalmente contra essa proposta. Vamos ingressar em juízo, primeiro na Justiça Estadual e, se precisar, na Justiça Federal e no Supremo".
A parte do pacote que contempla a Previdência ainda terá de ser aprovada pela Assembleia Legislativa via projeto de lei. Deputados da oposição já se manifestaram contra. O presidente da Alerj, Jorge Picciani, do mesmo partido de Pezão (PMDB), disse que só comentará após conhecer as medidas. Há previsão de uma reunião entre o governo e líderes de bancada na Assembleia para debater o pacote na terça-feira.
A avaliação do governo é de que não há outra alternativa diante da grave crise financeira. Desde que o Estado estourou o limite da dívida, em agosto, o governo é obrigado a gerar superávit primário, ou seja, a ter receitas maiores que as despesas.
A partir de agora, o Tesouro estadual só pode empenhar e pagar valores com base na arrecadação efetiva, conforme decreto editado por Dornelles. Como as receitas não cobrem a folha de salários, o entendimento é de que a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe o governo de pagar toda a folha. Essa será a justificativa para o projeto.
"Não adianta o juiz mandar arrestar a conta do Estado para pagar salário, porque a LRF não autoriza o Estado gastar mais do que arrecada", disse uma fonte envolvida na elaboração das medidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.