Piora avaliação do Ministério da Fazenda pelo mercado
A média da Fazenda caiu de 3,4 em maio para 3,1 em junho
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2014 às 14h59.
São Paulo - O mercado financeiro reduziu suas notas de avaliação para a gestão do Ministério da Fazenda e do Banco Central no mês de junho, de acordo com o Termômetro Broad, sondagem da Agência Estado cujo objetivo é captar o sentimento dos agentes em relação à equipe econômica do governo.
A média da Fazenda caiu de 3,4 em maio para 3,1 em junho, enquanto o Banco Central, que havia subido no mês passado para 5,6 ante 5,0 em abril, recuou agora para 5,4. Neste levantamento, 52 instituições responderam aos questionários, durante o período de 23 a 30 de junho.
Pesou para a queda da média da Fazenda a avaliação abaixo de 3 na política fiscal. Em junho, esse item recebeu nota 2,7 ante 3,3 de maio.
A média para a comunicação cedeu ligeiramente, de 3,2 para 3,1. Durante o período de votação, os agentes do mercado conheceram os números das contas públicas de maio.
Na sexta-feira (27), o Tesouro Nacional informou que o Governo Central (Previdência Social, Tesouro Nacional e Banco Central) teve déficit primário de R$ 10,502 bilhões, o pior resultado da série histórica iniciada em 1997 para o mês.
No dia 30, o Banco Central informou que o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 11,046 bilhões em maio, o pior número da série histórica, com exceção de dezembro de 2008, quando o saldo foi negativo em mais de R$ 20 bilhões, em razão da criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB).
Com isso, em 12 meses até maio, o superávit primário atinge 1,52% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta para 2014 é de 1,9% do PIB.
Desde o início do levantamento pelo Termômetro Broad, a média geral da gestão da Fazenda vem em trajetória de queda. Em fevereiro, início do levantamento, a nota estava em 4,8, passou para 3,7 no mês seguinte e vem registrando pioras consecutivas até atingir 3,1 em junho.
Banco Central
Quanto à gestão do Banco Central, após registrar melhora de abril para maio, passando de 5,0 para 5,6, a média geral caiu para 5,4 em junho.
Essa trajetória teve influência, principalmente, da expressiva deterioração da média da política cambial, que perdeu um ponto, de 6,3 para 5,3.
A média para a política monetária manteve-se em 5,5, enquanto a média para comunicação passou de 5,9 para 5,6. A média geral da gestão do BC começou a série do Termômetro Broad em 6,5 em fevereiro, passou a 5,7 em março, recuou para 5,0 em abril, avançou para 5,6 em maio e chegou a 5,4 em junho.
Após declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, no dia 22 de maio, o mercado iniciou junho com grande expectativa em relação ao futuro do programa de leilões de swap cambial, que se encerraria no dia 30.
Contudo, no dia 6, o Banco Central, em comunicado curto, informou que prosseguiria com o programa a partir de 1º de julho para continuar a prover hedge cambial e liquidez ao mercado.
Na política monetária, o destaque do mês foi o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que o BC divulgou no último dia 26. No documento, conforme esperado pelo mercado, houve revisão para cima na projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2014. A estimativa avançou para 6,4%, marca próxima, portanto, do teto da meta de inflação de 6,50%.
Termômetro
Lançado em março, o Termômetro Broad é produzido mensalmente pelos profissionais do AE junto a bancos, corretoras, consultorias, gestoras de recursos, instituições de ensino, departamentos econômicos de empresas e outros com histórico de realização periódica de projeções de indicadores econômicos.
Os participantes recebem todos os meses um questionário que contém sete perguntas qualitativas a respeito das ações da equipe econômica. Eles devem dar notas de zero a dez, numa escala de totalmente insatisfeito (zero) até totalmente satisfeito (dez), para a atuação da Fazenda e do BC.
O AE Dados calcula a nota pela média simples das respostas, arredondada na primeira casa decimal. São publicados apenas os resultados consolidados da pesquisa. As respostas individuais das instituições ficam em sigilo. A redação da Agência Estado não tem acesso às respostas individuais.
O questionário, enviado por e-mail, deve ser respondido uma única vez por instituição, na última semana de cada mês. A divulgação dos resultados é feita nos serviços em tempo real do Broadcast na quarta-feira mais próxima do dia 5 de cada mês. Em caso de feriado, a divulgação ocorre no primeiro dia útil subsequente.