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Parcimônia é necessária para não alimentar inflação, dizem analistas

A mudança no ritmo de queda da taxa básica de juros impede que aceleração da economia pressione preços, afirmam economistas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h26.

Apesar de criticada pela indústria e comércio, a freada no ritmo de queda da taxa básica de juros (Selic) foi bem-recebida pelos analistas de mercado. Para eles, uma curva mais acentuada de corte poderia gerar uma aceleração indesejada da economia, o que pressionaria os preços e ressuscitaria o fantasma da inflação. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira (1/2), afirma que é necessária "maior parcimônia" em relação aos juros.

A economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi, lembra que não adianta manter grandes cortes e gerar um excesso de otimismo no mercado. "Dessa forma pode acontecer uma aceleração indesejada da inflação e terá a necessidade de subir novamente com os juros. Nunca experimentamos um processo tão prolongado de aliviamento monetário", diz. Desde setembro de 2005, o Banco Central vem reduzindo os juros durante seus encontros.

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De acordo com Sandra, a taxa de equilíbrio está cada vez mais próxima, portanto, o espaço para o corte de juros é cada vez menor. "É mais prudente avaliar a inflação neste momento, que coloca uma aceleração leve de preços em relação ao ano passado", diz Utsumi. Para explicar a mudança de cenário em 2007, a analista lembra que os principais fatores que contribuíram para a baixa inflação de 2006, como a oferta agrícola maior que a esperada e produtos importados de custo mais baixo, não devem se repetir com tanta intensidade este ano.

Os analistas já assinalam que esperam uma inflação maior para 2007. De acordo com o último relatório de mercado do BC, divulgado nesta segunda-feira (29/1), a projeção média de inflação subiu de 4,07% para 4,09%. No ano passado, o IPCA fechou com alta de 3,14%.

Maior margem de corte

Já para a analista Marcela Prada, da consultoria Tendências, a redução de ritmo pode ter um efeito positivo - permitiria ao BC uma margem maior de corte dos juros. "Já havia um consenso que a redução do ritmo poderia aumentar a magnitude do corte total", afirma.

Marcela lembra que Tendências já projetava uma Selic de 11,75% ao ano em dezembro, ainda quando o BC apontava para 12%. Agora, de acordo com o último relatório do Banco Central, as estimativas da consultoria convergiram com as do mercado - os demais economistas elevaram sua expectativa de 11,50% para 11,75%, após o último encontro do Copom.

Para a próxima reunião, as analistas acreditam que o comitê deve manter a política de cautela, reduzindo a Selic em 0,25 ponto porcentual.

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