Exame Logo

País precisa de plano estratégico, dizem empresários

O Brasil precisa de um plano estratégico para nortear seu desenvolvimento e a atuação econômica do governo, disseram nesta manhã o presidente da Perdigão, Nildemar Secches, e da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, no debate "100 dias do governo Lula", promovido por EXAME. "Não queremos nada parecido com um segundo PND, mas é preciso […]

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

O Brasil precisa de um plano estratégico para nortear seu desenvolvimento e a atuação econômica do governo, disseram nesta manhã o presidente da Perdigão, Nildemar Secches, e da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, no debate "100 dias do governo Lula", promovido por EXAME.

"Não queremos nada parecido com um segundo PND, mas é preciso orientar a atuação do setor público", disse Secches. Ele se referia ao segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, realizado pelo Estado na década de 70, que justificou grandes investimentos públicos na criação de indústrias de base. "Política industrial virou um palavrão, mas é preciso pensar no assunto", disse Secches. Para ele, o planejamento é necessário, uma vez que a maioria das decisões econômicas e de investimento requer um largo período de maturação.

Veja também

Um exemplo, afirmou Secches, é a construção de uma nova refinaria de petróleo. "Só o projeto dessa nova refinaria demoraria mais de dois anos, e sua construção levaria outros quatro anos. Assim, uma nova refinaria só começaria a funcionar no segundo mandato ou em um novo governo", disse Secches. O executivo citou o período dos anos 80, em que trabalhou na área de planejamento econômico do BNDES. "Naquela época, nosso trabalho foi retirar os gargalos de diversos setores industriais, facilitando a absorção de insumos básicos que havia em excesso", disse Secches. Segundo ele, uma atuação governamental desse tipo seria bastante positiva.

A opinião de Secches foi compartilhada por Agnelli, que também participa do debate. O presidente da Vale citou as áreas de infra-estrutura e o setor exportador como prioridades de qualquer plano estratégico. "Hoje nem o BNDES quer investir em projetos de energia", disse Agnelli. "Isso não pode continuar assim."

O executivo tem uma visão positiva com relação ao governo Lula. Segundo Agnelli, em 2002 o país viu uma briga de foice no escuro e nesses 100 primeiros dias de governo pelo menos acendeu-se a luz . Há cerca de 20 anos, afirma o executivo, discute-se a necessidade de reformas como a da Previdência e a Tributária, foram feitas várias tentativas em aprová-las e o PT tem se mostrado firme nesse propósito. Acho que agora falta pouco.

O ministro José Dirceu concordou com a importância do estado e seu papel de regulador e de organizador das câmaras setoriais. "Exceto na área fiscal e monetária, encontramos o Estado sem instrumentos reais para exercer políticas setoriais", disse Dirceu.

Sobre um suposto ataque do governo ao papel das agências reguladoras, Dirceu disse que, além de regular e fiscalizar os setores, elas passaram também a traçar políticas, tarefa do governo. Como exemplo, ele citou os aumentos de tarifas. Algumas elétricas, afirmou o ministro, reivindicam aumentos de mais de 50%. "O governo não vai deixar a Petrobras, nem nenhuma outra empresa, desencadear um processo inflacionário", afirmou Dirceu. "Queremos reorganizar o aparelho do Estado para exercer seu papel de desenvolvimento. Olhamos para o país num período de 10 ou 20 anos."

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame