País pode crescer 5,7% ao ano com redução de gasto público, diz Fiesp
Fiesp propõe a adoção de meta anual de corte de despesas. Proposta prevê superávit nominal já em 2008
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h34.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apresentou nesta quarta-feira (29/6) uma proposta de redução dos gastos públicos que, em sua avaliação, permitirá ao país crescer em média 5,74% por ano durante os próximos dez anos. Segundo Paulo Skaf, presidente da entidade, o projeto foi entregue ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, há dois meses.
A Fiesp recomenda a redução do total da despesa real em 2% ao ano durante seis anos consecutivos, de 2006 a 2011, seguida de um congelamento do dispêndio público por quatro anos, de 2012 a 2015. Para tanto, seria necessário melhorar a produtividade do setor público e eliminar os desperdícios. Além disso, deveria ser fixado um limite de crescimento para o total da receita real de 50% da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), limitada a 2,75% ao ano. Seguindo a fórmula da Fiesp, assim que fosse atingido um superávit nominal, 90% do resultado seria destinado a investimentos públicos no exercício seguinte. O superávit nominal é obtido quando, mesmo depois do pagamento de juros da dívida pública, há saldo positivo nas contas nacionais. Pelo modelo da Fiesp, pode ser alcançado já em 2008.
"Quando o Banco Central eleva juros, está apenas pondo pomada nas feridas, mas a solução é arrancar o câncer", diz Skaf. "A enfermidade brasileira é o gasto público." Na avaliação da Fiesp, com um regime fiscal com metas de corte de despesas, a taxa básica de juros da economia pode ficar 20% abaixo da obtida pela redução gradual da relação dívida/PIB. "O mercado antecipará a perspectiva de queda dos juros, possibilitando ao governo emitir dívida a taxas menores", diz o projeto. Com a queda da taxa de juros, haveria também uma desvalorização natural da moeda brasileira frente ao dólar, favorecendo a expansão das exportações.
Para a Fiesp, se continuar a estratégia adotada até o momento, o governo federal não vai alcançar redução significativa da relação dívida/PIB, a carga tributária permanecerá elevada e as despesas passarão de 17,3% neste ano para 19,3% em 2005.
Comparação de resultados pela política atual e pela proposta da Fiesp | ||
Como está* | Modelo da Fiesp | |
Dívida/PIB | 44,1% | 25,7% |
Investimento público federal/PIB | 0,6% | 4,9% |
Carga tributária federal | 23,95% | 17,88% |
Despesa total/PIB | 19,3% | 8,8% |
Taxa média de crescimento do PIB | 3,09% | 5,74% |
*reprodução dos gastos e manutenção da carga tributária | ||
Fonte: Fiesp |