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Brasil vive processo de desindustrialização

Ex-ministro da Administração e Reforma de Estado, Luiz Carlos Bresser-Pereira, argumenta que participação das indústrias diminuiu no PIB

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Brasília - O desenvolvimento econômico só é possível com a industrialização do país, embora o que se observe atualmente é um processo de "desindustrialização". A opinião é do ex-ministro da Administração e Reforma de Estado, Luiz Carlos Bresser-Pereira. Ele participou nesta terça-feira (4) do seminário Juros e Câmbio, organizado pela Câmara dos Deputados.

Segundo ele, a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de riquezas produzidas no país - caiu de 19%, em 1995 para cerca de 15,5% no ano passado e a "situação não ficou tão grave" porque há uma política de expansão da renda, com aumento do salário mínimo, de recursos para o programa Bolsa Família, além da criação do crédito consignado. Tudo isso, diz Bresser, contribui para aumentar a demanda interna e, por consequência, estimular a indústria.

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O deputado Armando Monteiro, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que também participa do seminário, acrescentou que se forem observados os dados somente da indústria de transformação, a preocupação com o processo de desindustrialização é ainda maior, já que os dados como um todo incluem a extração mineral que cresce fortemente.

"Quando desconsideramos a indústria extrativa mineral e consideramos a de transformação, há uma perda de posição relativa ao crescimento da economia", afirmou. Monteiro criticou também a tributação dos investimentos, o taxa de câmbio e o o atual patamar dos juros.

Para Bresser, o Banco Central costuma acertar quanto ao momento de aumentar ou reduzir os juros básicos, mas erra na calibragem.

Na visão dele, quando a demanda está fraca e é preciso reduzir a Selic, o corte é pequeno. O patamar da Selic "atrapalha" a indústria, disse. Ele ressaltou, porém, que o prejuízo ao investimento não é tão alto porque o setor produtivo pode pegar empréstimo com Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que cobra a Taxa de Juros de Longo Prazo, "rigorosamente subsidiada". "Não prejudica tanto o investimento [aumento da Selic]. Prejudica o Estado. É uma bomba de sucção do Estado".

 <hr>                                   <p class="pagina">Na visão de Bresser, a indústria lutou fortemente contra a taxa Selic  alta, mas não se empenhou da mesma forma em relação à taxa de câmbio. "A  taxa de câmbio é fundamental para o desenvolvimento econômico e a  industrialização. Para ter demanda externa é preciso que a taxa de  câmbio seja competitiva".<br> <br> "Os economistas ortodoxos entendem que a taxa de equilíbrio é a que o  mercado determina. Não é. Há fatores que a mantém sobreapreciada nos  países em desenvolvimento", disse. Bresser citou a doença holandesa, que  é uma falha de mercado que se origina na existência de recursos  naturais abundantes. Isso mantém a taxa de câmbio sobreapreciada e  impede a produção de bens comercializáveis com uso de alta tecnologia,  explicou.<br> <br> Para Bresser, a taxa de câmbio de equilíbrio seria de R$ 2,40. "Se nós  não neutralizamos a doença holandesa, ou seja, sair do equilíbrio  corrente e para o industrial, nós não vamos nos industrializar".<br> <br> Ele defendeu a cobrança de imposto sobre a exportação. "Assim o produtor  só passa a oferecer seu produto, se a taxa de câmbio se depreciar no  nível correto", argumentou. Bresser defendeu a criação de meta de taxa  de câmbio e o controle da entrada de capital externo. </p> 
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