Economia

Obama finalmente começa a agir para combater a crise americana

Aprovação de pacote de 825 bilhões de dólares no Congresso é o primeiro teste do novo presidente

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2009 às 11h55.

Uma semana após a posse, o novo presidente americano, Barack Obama, iniciou sua primeira ofensiva para conter a crise econômica de seu país. Todos os esforços estão voltados, neste momento, para convencer o Congresso a aprovar um novo pacote de estímulo, avaliado em 825 bilhões de dólares. A votação na Câmara deve ocorrer na tarde desta quarta-feira (28/1). Em linhas gerais, o pacote é dividido em três grandes partes: 365,6 bilhões de dólares serão gastos em projetos de infraestrutura, como a construção de pontes e a recuperação de estradas; 180 bilhões irão para programas de geração de emprego e assistência médica; e outros 275 bilhões serão destinados para estímulos fiscais.

Para aprovar o pacote, Obama encontrou-se com líderes republicanos da Câmara nesta terça. Seu partido, o democrata, detém a maioria nesta casa, mas o novo presidente espera dar uma demonstração de força no início do governo, ao convencer alguns deputados da oposição a votarem pelo plano. A principal crítica dos republicanos à proposta é o aumento dos gastos do governo para estimular a economia. Tradicionalmente, o partido defende cortes de impostos e mais liberdade para as empresas, a fim de que o mercado se reequilibre.

O Congresso trabalha também sob pressão das circunstâncias. Na última semana, mais 70.000 vagas foram fechadas no país - e os dados mostram que o desemprego mensal cresceu em todos os estados americanos. A presidente da Câmara, a democrata Nacy Pelosi, também se manifestou a favor do novo plano de socorro. Pelosi afirmou que ele permitirá a criação de empregos, cortes de impostos e mais transparência para os contribuintes sobre como seu dinheiro está sendo usado.

Outro complicador político é que o Senado, sempre mais resistente, está analisando uma versão própria do plano de ajuda. Embora os pontos sejam muito parecidos, a aprovação de dois projetos - um pelos senadores, outro pelos deputados - exigirá a unificação do projeto na votação final. Os analistas políticos acreditam que a versão definitiva será muito semelhante à da Câmara. Para agradar os senadores, Obama deve ceder em algumas questões de corte de impostos. Os articuladores do governo esperam aprovar a lei e levá-la à sanção presidencial até meados de fevereiro.

Lobbies

Os detalhes do pacote ainda não estão fechados. Por isso, vários setores produtivos pressionam para ganhar mais recursos na divisão final do bolo. A indústria de concreto defende que os gastos de infra-estrutura priorizem a construção de pontes e viadutos - obras que, tradicionalmente, consomem mais do seu material. Já a indústria de asfalto prega que os recursos devem ser canalizados para a recuperação e abertura de estradas.

O setor de energia alternativa - que sempre freqüentou os discursos de Obama durante a campanha como um dos que podem mudar o perfil da economia do país - teme que não esteja recebendo verbas suficientes. A maior queixa vem dos produtores de painéis de energia solar. Mas, mesmo no seio desse setor, há divisões. Os fabricantes de equipamentos para energia geotérmica, por exemplo, estão satisfeitos com o que devem receber do governo.

Até setores mais tradicionais tentam interferir na divisão do dinheiro. Um caso é o do setor calçadista, que deseja abolir a taxa de importação para matérias-primas sintéticas e outras.

Derivativos tóxicos

Em paralelo, a equipe econômica continua estudando uma forma de remover do sistema financeiro os derivativos tóxicos ainda em circulação. Esses papéis são os principais fatores que geram desconfiança no mercado, e travam o escoamento do crédito.

Uma proposta que está ganhando força é a da criação de um "banco ruim", que compraria esses títulos. Em Washington, a Federal Deposit Insurance Corp (FDIC), companhia estatal de securitização, é uma das mais cotadas para administrar o banco, segundo pessoas que acompanham as negociações. Uma proposta seria obrigar os bancos com títulos tóxicos a emitir ações  ou títulos conversíveis, que ficariam em poder do FDIC.

Com Wall Street Journal, Bloomberg e CNN Money.
 

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

G20 se compromete a 'cooperar' para taxar grandes fortunas

Olimpíada de 2024 pode movimentar até 11 bilhões de euros, diz estudo

Aneel aciona bandeira verde e conta de luz deixará de ter cobrança extra em agosto

Governo prevê espaço extra de R$ 54,9 bi para gastos em 2025

Mais na Exame