O vento soprou forte para eólica no Brasil em 2016
País adicionou mais 2 GW de energia eólica em 81 novos parques, mas vigor do setor pode estar em risco
Vanessa Barbosa
Publicado em 6 de maio de 2017 às 07h37.
Última atualização em 6 de maio de 2017 às 07h37.
São Paulo - No ano passado, o Brasil adicionou mais 2 gigawatts (GW) de energia eólica em 81 novos parques, fazendo com que o setor atingisse 10,75 GW de capacidade acumulada. Ao todo, o país já conta com 430 parques eólicos, representando 7% da matriz elétrica nacional.
Os dados constam no relatório anual sobre o setor divulgado nesta semana pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Os bons ventos, associados a investimentos vultosos que somaram de US$ 5,4 bilhões, refletiram na geração de mais de 30 mil postos de trabalho em 2016.
Em termos de geração, a energia eólica cresceu 55% em relação a 2015, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), gerando o equivalente ao abastecimento mensal de uma média de 17,27 milhões de residências por mês.
No mercado internacional, o Brasil ultrapassou a Itália e ocupa agora a nona posição no ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica, de acordo com dados do GWEC (Global Wind Energy Council).
Todo o vigor que os números do mercado em 2016 refletem, porém, pode estar com os dias contados pela falta de previsibilidade do governo brasileiro.
Segundo estimativa da ABEEólica, o setor eólico deve terminar o ano de 2017 com cerca de 13 GW. "Será um bom resultado, mas sempre é bom lembrar que ele é consequência de leilões realizados em anos anteriores", diz Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica.
"O cancelamento do Leilão de Reserva no final do ano foi uma notícia muito negativa para a indústria e tirou o setor de sua trajetória positiva: 2016 foi o primeiro ano, desde que as eólicas começaram a participar de leilões, em que não houve contratação de energia dessa fonte", analisa.