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O Brasil vai estar à altura do desafio de alimentar o mundo?

A produção de alimentos terá de aumentar 70% até 2050 sem agredir ainda mais o meio ambiente — e o Brasil tem (quase) tudo para ocupar esse espaço

EXAME Fórum: André Lahoz Mendonça de Barros, Rodrigo Santos, Pedro Paulo Diniz e Alexandre Mendonça de Barros debatem os desafios e oportunidades no agronegócio (Germano Luders/Exame)

João Pedro Caleiro

Publicado em 28 de setembro de 2017 às 11h50.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h36.

São Paulo – Como o Brasil pode aproveitar as oportunidades criadas pelas mudanças nas preferências dos consumidores em relação aos alimentos ? Cultivando a marca do seu agronegócio e combinando tecnologia, produtividade e sustentabilidade.

Essa foi a conclusão do debate feito nesta quinta-feira (28) no EXAME Fórum Agronegócio, realizado no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

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Se houver crescimento mundial, haverá bocas para alimentar. É um fato histórico que, na medida que as sociedades enriquecem, aumenta sua demanda por alimentos – especialmente por proteína animal.

Foi o que aconteceu na China, que era exportadora líquida de alimentos nos anos 90 e hoje tem o maior déficit do mundo nessa área.

A projeção de Alexandre Mendonça de Barros, sócio consultor da MB Agro, é que a produção de alimentos terá de aumentar 70% até 2050. O desafio é fazer isso de maneira sustentável. “Grande parte do mundo não tem mais terra para novas áreas agrícolas, e o mundo urbano se acostumou com o excesso”, diz ele.

O Brasil estaria bem posicionado para ocupar esse espaço, de acordo com Rodrigo Santos, presidente da Monsanto para a América do Sul. O motivo é que, segundo ele, temos o melhor modelo de pequenos agricultores e uma das agriculturas mais sustentáveis do mundo, algo pouco notado pelo grande público.

Santos diz que 64% da área do país é composta de florestas e reservas permanentes e apenas 9% são usados pela agricultura. Além disso, seria possível dobrar a produção usando a mesma área ocupada atualmente.

Pedro Paulo Diniz, fundador e CEO da Fazenda da Toca, afirma que a agricultura não precisa, necessariamente, destruir a natureza para se expandir. “A gente se colocou num lugar em que, para produzir mais, tem de ir contra a natureza. Eu discordo totalmente disso.”

Ele diz que é preciso entender a natureza para ganhar eficiência: "As coisas estão caminhando para isso com iniciativas como o controle biológico de pragas. Quando nos integramos à natureza podemos ser mais eficientes."

Alexandre aponta que 23% do PIB brasileiro está ligado ao agronegócio, e que, para aproveitar o potencial futuro, é necessário superar “o pensamento de que commodity é atraso e indústria é progresso”.

Parte disso envolve a criação e o cultivo de marcas próprias que agreguem valor, e cita o caso do café: o Brasil exporta muito mais do que Colômbia e Etiópia e tem sua qualidade própria. Mas a impressão de quem entra numa loja internacional é exatamente o contrário.

A necessidade de ampliar a marca brasileira do agronegócio internacionalmente deu a tônica da palestra do publicitário Nizan Guanaes, que abriu o evento: “A agricultura brasileira precisa deixar de pensar pequeno”.

Outros desafios citados pelos palestrantes foram a fraqueza do sistema de vigilância sanitária — uma das raízes dos problemas expostos pela Operação Carne Fraca —, a demora na aprovação e no registro de novas tecnologias e as mudanças climáticas, que podem afetar bastante a agricultura.

Veja depoimentos em vídeo gravados no evento:

Pedro Paulo Diniz, fundador e CEO da Fazenda da Toca, fala sobre as oportunidades trazidas pelo aumento do consumo de alimentos orgânicos no Brasil:

Rodrigo Santos, presidente da Monsanto para a América do Sul, diz quais são as principais mudanças no consumo de alimentos no Brasil e como as empresas podem aproveitar as oportunidades geradas por essas novidades:

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