Economia

Palocci precisa ser convencido a mudar política econômica, diz Alencar

Vice-presidente da República apóia críticas de Dilma Rousseff à condução da economia, mas afirma que Palocci é "um cidadão de grande valor"

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

A dois dias da divulgação do PIB do terceiro trimestre, o vice-presidente e ministro da Defesa José Alencar deu sinais de que não deseja a saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, embora seja um dos críticos mais ferozes da atual política econômica dentro do governo. Vários analistas afirmam que, se um crescimento pífio da economia, ou até mesmo uma retração, for divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nesta quarta-feira (30/11), Palocci ficará ainda mais fragilizado no governo e as chances de sair do gabinete crescerão. "A intenção de Palocci é a melhor possível. O que precisamos é levar-lhe alguma coisa que possa convencê-lo [a mudar a política econômica]", afirma Alencar.

Desgastado pelos ataques de colegas de ministério, sobretudo da titular da Casa Civil, Dilma Rousseff, e por suspeitas de irregularidades na gestão de Ribeirão Preto, Palocci ainda poderá deixar a Fazenda se não reconstruir uma sólida base de apoio, segundo especialistas. Durante um seminário promovido nesta segunda-feira (28/11), pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Alencar indicou que o mais desejável não é a saída de Palocci, mas sim uma mudança nos rumos da economia. "Palocci é um cidadão brasileiro de grande valor. Está fazendo tudo o que pode, e acredita que esta política esteja correta", disse.

O vice-presidente, porém, apoiou as críticas de Dilma, afirmando que isso demonstra a preocupação da ministra com o fortalecimento da "economia real". "Nós temos que aplaudi-la", afirmou. Para Alencar, os erros que desembocaram na atual política econômica vêm da gestão de Fernando Henrique Cardoso, que elevou o endividamento público do país e sustentou uma paridade cambial equivocada, entre outros fatores.

"Câmbio burro"

Em alguns momentos, porém, Alencar usou palavras duras para criticar o governo que integra. "Essas taxas elevadas de juros, despropositadas, têm contribuído para esse câmbio, que é um câmbio burro, porque prejudica a economia brasileira", afirmou.

Em janeiro de 2003, na primeira reunião do Comitê Política Monetária do governo Lula, os juros passaram de 25% para 25,5% ao ano, subindo para 26,5% no mês seguinte e permanecendo nesse patamar até maio. Segundo Alencar, esse aumentos iniciais foram importantes para que a sociedade mudasse a percepção sobre o novo governo. "Tínhamos que adotar uma política econômica que mostrasse que nosso governo não poria tudo a perder", disse.

Para o vice-presidente, a política econômica deveria ter mudado já no primeiro ano de mandato de Lula. "Em junho de 2003, já era hora da reversão. Só que parece que fizemos um pacto com o diabo", disse. Esse pacto se basearia na noção de que os juros brasileiros não poderiam descer a níveis internacionais.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Acelerada pela Nvidia, Google — e agora Amazon —, startup quer inovar no crédito para PMEs

Cigarro mais caro deve pressionar inflação de 2024, informa Ministério da Fazenda

Fazenda eleva projeção de PIB de 2024 para 3,2%; expectativa para inflação também sobe, para 4,25%

Alckmin: empresas já podem solicitar à Receita Federal benefício da depreciação acelerada