Morre Brizola, no auge de sua oposição ao governo Lula
Pedetista, herdeiro de Getúlio Vargas e João Goulart, entra para a história como o articulador da campanha da legalidade, que adiou o Golpe Militar por três anos
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h26.
O presidente nacional do Partido Democrata Trabalhista (PDT), Leonel de Moura Brizola, não resistiu a uma parada cardíaca na noite desta segunda-feira (21/6) e faleceu pouco antes das 21h30, aos 82 anos de idade. Com sua morte, encerra a carreira política um dos maiores caciques da esquerda brasileira do século 20, nos últimos meses às turras com o governo do Partido dos Trabalhadores.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou sua partida para Nova York, onde fará palestra a investidores na quinta-feira (23/6), para comparecer ao velório de Brizola, no saguão principal do Palácio Guanabara, sede do governo fluminense. Ficou apenas cinco minutos, por causa das vaias de manifestantes do PDT. O vice-presidente José Alencar, por sua vez, enviou nota de pesar à família de Leonel Brizola. "Ele foi um brasileiro probo, nacionalista, democrata e legalista", diz Alencar.
Brizola nasceu em 22 de janeiro de 1922, no povoado de Cruzinha, Rio Grande do Sul. Ainda estudante de engenharia, ingressou no então recém-fundado Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em agosto de 1945. Em 1947, foi eleito deputado estadual. Participou como assessor da campanha eleitoral de Getúlio Vargas, seu padrinho de casamento, ao lado de João Goulart, seu cunhado.
Eleito deputado federal em 1954, no ano seguinte foi eleito prefeito da capital gaúcha, e em 1958, governador do Estado. Seu maior feito político foi a articulação da campanha da legalidade, para garantir a posse do vice-presidente João Goulart quando o presidente Jânio Quadros renunciou, em 25 de agosto de 1961, e os ministros militares vetaram a sucessão constitucional. Goulart acabou assumindo, graças à aprovação do parlamentarismo, uma costura política empreendida por Tancredo Neves.
Em 1962, Brizola foi eleito deputado federal. Em 1964, com o golpe militar, exilou-se, vivendo no Uruguai, EUA e Portugal. Graças à anistia política, voltou ao país em 1979, e no ano seguinte fracassou na tentativa de recriar o PTB, sigla perdida para o grupo político de Ivete Vargas. Criou então o PDT, pelo qual foi eleito governador do Rio em 1982 e 1990.
Em 1989, disputou a presidência, ficando em terceiro lugar. Voltou à campanha presidencial em 1994, quando obteve 3,2% dos votos. Em 1998, candidatou-se a vice na chapa de Lula, derrotada no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso. Em 2000, sua última campanha, disputou a prefeitura do Rio de Janeiro e alcançou 9,1% dos votos. Mantinha uma linha de oposição acirrada ao governo Lula, considerado por ele mera continuidade do neoliberalismo tucano.