Microeconomia afeta ratings de crédito na América Latina, diz S&P
Segundo a Standard & Poor's, falta de transparência em regulamentações e no uso do poder discricionário de órgãos de governo acabam afetando os ratings de crédito soberano na região
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h33.
A crescente convergência em torno das políticas macroeconômicas por todo o espectro político latino-americano não prenuncia consenso quanto a medidas microeconômicas que gerem crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Essa é uma das conclusões do relatório A study in contrasts: politics and microeconomic intervention in Latin America, divulgado nesta sexta-feira (29/7) pela agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor's (S&P).
Para Joydeep Mukherji, analista da S&P, as fragilidades econômicas da região latino-americana refletem com freqüência a falta de transparência nas políticas microeconômicas, o que abrange regulamentos e o uso do poder discricionário administrativo. Os nós e empecilhos neste nível acabam afetando os ratings de crédito soberano na América Latina (leia reportagem de EXAME sobre o peso da burocracia sobre os negócios).
O documento, contudo, elogia o Brasil. "A administração Lula foi capaz de modernizar a legislação falimentar a fim de estimular o financiamento bancário", diz o texto. "Trata-se de um reforma microeconômica importante que traz boas perpectivas de crescimento futuro do PIB."
Para a S&P, além do avanço com a nova lei de falências, há uma crescente convergência no Brasil entre as forças políticas sobre a necessidade de se reduzir a incerteza jurídica, fortalecer a estabilidade de contratos e remover tributos altamente distorcivos. A lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs) também é mencionada como uma iniciativa positiva.