Sem IPI reduzido, montadoras devem registrar melhor abril da história
O presidente da Anfavea prevê uma acomodação do mercado a partir de maio
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2010 às 18h25.
São Paulo - O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, adiantou ao site Exame que a média diária de vendas até dia 27 deste mês é de 13.673 veículos. Se esse ritmo for mantido até sexta-feira, abril encerrará com aproximadamente 273.000 veículos comercializados, incluindo carros, caminhões e ônibus. O volume representará um recorde para o mês de abril, superando a marca de 261.300 unidades registrada no mesmo período de 2008, ou seja, antes da crise.
Os empresários comemoram o resultado pois já sabiam que seria praticamente impossível repetir o desempenho histórico de março (353.700 unidades, com média diária de 15.380) obtido principalmente por causa da corrida dos consumidores às concessionárias antes do fim do IPI reduzido.
A diminuição nas alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), adotada pelo governo federal para combater a crise, terminou no dia 31 de março. Porém, muitas concessionárias trabalharam nas últimas semanas com estoques formados com a carga reduzida, o que possibilitou a manutenção da tabela de preços. Além disso, houve contratos fechados no fim de março, mas o veículo foi licenciado no início de abril. "Há casos também de montadoras que decidiram reduzir a margem de lucro para fisgar os clientes e conquistar fatia de mercado", explica Schneider.
Para os próximos meses, a previsão é de uma queda no ritmo de vendas, mas o nível de acomodação dependerá do crescimento da economia e da expansão de crédito. Aliás, as condições de financiamento continuam favoráveis para o setor, com taxa média de juros de 18,2% ao ano e volume total de R$ 160,2 bilhões, segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). Dados do Banco Central mostram que a inadimplência do setor é baixa (4,2%) se comparada com todos os bens de consumo (7,2%), o que garante um amplo espaço para a expansão dos financiamentos.
Analistas preveem um reajuste no preço dos carros nos próximos meses por causa do repasse do IPI maior e do aumento superior a 20% no valor do aço, que teria um impacto de até 8% no preço final dos veículos. "A decisão de aumentar ou não é de cada montadora e depende das condições de mercado", afirma Schneider.
As previsões da Anfavea para o ano estão mantidas e, se concretizadas, farão de 2010 o melhor ano da história do setor no Brasil. Estima-se um crescimento de 8,2% nas vendas (3,40 milhões de unidades) e de 6,5% na produção (3,39 milhões de unidades) em relação ao ano passado.
Nesta sexta-feira (30/04), Jackson Schneider, vice-presidente da Mercedes-Benz do Brasil, transmite o cargo de presidente da Anfavea a Cledorvino Belini, que é presidente da Fiat Automóveis para a América Latina e integra, desde o ano passado, o Conselho Executivo do Fiat Group - a mais elevada instância mundial de comando da montadora.