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Mesmo com crise cambial, PIB cresce 1,52% em 2002

Mesmo com a crise cambial do ano passado e a alta dos juros, a variação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002 foi de 1,52% em relação a 2001. O percentual praticamente repete o resultado do ano anterior (1,42%). Economistas ouvidos no ano passado, no seminário Brasil em EXAME, afirmaram que um crescimento próximo de […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h24.

Mesmo com a crise cambial do ano passado e a alta dos juros, a variação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002 foi de 1,52% em relação a 2001. O percentual praticamente repete o resultado do ano anterior (1,42%).

Economistas ouvidos no ano passado, no seminário Brasil em EXAME, afirmaram que um crescimento próximo de 1% não representa, de fato, um aumento do PIB. "Um percentual próximo desse patamar não pode ser sentido pelo país", afirmou o economista José Roberto Mendonça de Barros, à época. A desaceleração da taxa de crescimento do PIB acontece a partir do primeiro trimestre de 2001, quando caiu de 4,36% em 2000 para 4,06%, atingindo o mínimo de -0,01% no segundo trimestre de 2002, subindo para 1,52% neste último trimestre.

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De acordo com a estimativa do IBGE de crescimento populacional no ano de 1,3%, o PIB per capita cresceu 0,21% em 2002. Além disso, o crescimento médio real anual do PIB nos últimos dez anos (1993 a 2002) foi de 2,9%. Já o crescimento médio real anual para o mesmo período do PIB per capita foi de 1,49%. A tabela abaixo mostra a variação real anual de 1993 a 2002 do PIB a preços de mercado e do PIB per capita.

"As altas taxas de juros continuam a impedir um crescimento do PIB mais acelerado, pois os investimentos no setor produtivo se mostram em escala cada vez menor. No ambiente externo, as expectativas da guerra entre EUA e Iraque mantêm as incertezas para uma possível recuperação dos níveis de crescimento. Como conseqüência do baixo crescimento econômico, a taxa de desemprego aumentou no

mês de janeiro (11,2% da população economicamente ativa)", avalia a Global Invest.

O banco BBV avalia que as sucessivas taxas de juro desde outubro de 2002 e a perda real da massa salariam ainda não foram integralmente capturadas pelo IBGE. "Indicadores já sinalizam um arrefecimento da atividade econômica no início do ano. Do ponto de vista da demanda, há fatores que indicam para um crescimento menor nos próximos meses."

Dados técnicos e setoriais

Para o IBGE, o resultado foi conseqüência da ampliação de 1,84% no Valor Adicionado a preços básicos e da queda de 0,98% nos Impostos sobre Produtos. O percentual de 1,42% em 2001 foi decorrente da crise argentina e do apagão.

De acordo com a mediana das projeções de cerca de 100 instituições e consultorias coletadas pelo Banco Central, a expectativa era de 1,5% em 2002. Para 2003, a mais recente estimativa aponta para um crescimento de 2,04%.

A maior expansão foi no setor agropecuário, que cresceu 5,79% em 2002, seguido pela indústria, que se expandiu 1,52% e pelo setor de serviços, com crescimento 1,49%, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O resultado do Valor Adicionado de 2002 decorre do crescimento dos três setores que o compõem: Agropecuária (5,79%), Indústria (1,52%) e Serviços (1,49%). Dentre os subsetores da indústria, a Extrativa Mineral, a Transformação e os Serviços Industriais de Utilidade Pública apresentaram taxas positivas, 10,39%, 1,93% e 1,53%, respectivamente. Por outro lado, a Construção Civil declinou -2,52%.

Todos os componentes do setor de serviços, com exceção do Transporte com queda de 0,92%, apresentaram taxas positivas em 2002. O destaque ficou por conta de Comunicações que mostrou crescimento de 7,4% no ano. Note-se que a taxa de crescimento do setor de Comunicações vem desacelerando já que atingiu 15,6% em 2000 passando para 9,92% em 2001 e para 7,4% em 2002.

Considerando os resultados pela ótica da demanda, no ano de 2002, o Consumo das Famílias e a Formação Bruta de Capital Fixo apresentaram quedas de 0,66% e 4,08%, respectivamente. Por outro lado, o Consumo do Governo aumentou 0,98%, as Exportações cresceram 7,76% e as Importações declinaram 12,77%.

O PIB a preços de mercado apresentou crescimento, em volume, de 1,52% em 2002. Porém, vale notar que na comparação do semestre contra o mesmo período de 2001, o PIB cresceu 0,10% no primeiro semestre de 2002, enquanto que no segundo semestre a taxa foi de 2,94%, trajetória esta afetada pela base de comparação.

No quarto trimestre de 2002, o PIB a preços de mercado registrou crescimento de 3,44% em relação ao mesmo trimestre de 2001. O valor adicionado a preços básicos apresentou aumento de 3,58% e os Impostos sobre Produtos crescimento de 2,29%.Em relação aos setores que contribuem para a geração do valor adicionado, nessa comparação, todos os setores apresentaram crescimento: Agropecuária (3,43%), Indústria (6,92%) e Serviços (1,68%).

Na Indústria, ressalte-se o desempenho da Construção Civil, com um aumento de 6,24% no quarto trimestre de 2002, sendo que o último resultado positivo nessa comparação trimestral ocorreu no segundo trimestre de 2001 (0,09%). Os outros subsetores também mostraram crescimento: Extrativa Mineral (5,09%), Transformação (6,59%) e Serviços Industriais de Utilidade Pública (12,34%), sendo, principalmente os dois últimos, favorecidos pela baixa base de comparação o quarto trimestre de 2001.

Dentre os componentes da demanda, no quarto trimestre de 2002 em relação ao mesmo trimestre de 2001, Consumo das Famílias continuou com taxa de negativa, -0,43%. O Consumo das Famílias vem apresentando queda nessa comparação desde o terceiro trimestre de 2001. Os demais componentes da demanda tiveram desempenho favorável: Consumo do Governo (0,45%), Formação Bruta de Capital Fixo (4,15%), Exportações (20,39%) e Importações (-8,76%). Destaca-se a reversão da trajetória de queda da Formação Bruta de Capital Fixo, que vinha com taxas negativas desde o quarto trimestre de 2001.

O PIB a preços de mercado, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal, apresentou crescimento de 0,72% entre o quarto e o terceiro trimestre de 2002. Na mesma comparação, a Agropecuária, a Indústria e os Serviços apresentaram crescimento de 0,33%, 1,94% e 0,2%, respectivamente.

Em relação aos componentes da demanda todos apresentaram crescimento, com exceção das Importações com queda de 5,67%, comparando com o trimestre imediatamente anterior: Consumo das Famílias (0,81%), Consumo do Governo (0,19%), Formação Bruta de Capital Fixo (2,19%) e as Exportações (2,19%).

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