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Para Merrill Lynch, China ainda não é a locomotiva do mundo

Analistas acreditam que estímulo governamental se manterá centrado na demanda doméstica e terá pouco efeito para países em crise

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2009 às 09h38.

Quando a crise financeira começou a atingir a economia real, alguns apostaram que os mercados emergentes, em especial o chinês, poderiam manter o planeta em crescimento. Porém, a China ainda não é a locomotiva do mundo, na visão dos analistas do Banc of America Research-Merrill Lynch.

O analista Ricardo Barbieri, que esteve na China na semana passada, afirma em relatório que o crescimento chinês está muito abaixo do verificado nos últimos anos. O Banco Mundial estima que o PIB tenha registrado uma expansão anualizada de apenas 2,5% no quarto trimestre.

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Mesmo assim, há sinais de que o país asiático está em situação bem melhor do que as economias mais desenvolvidas.O plano de investimentos em infraestrutura deve agregar cerca de 4,9 pontos percentuais ao PIB deste ano, segundo estimativas também do Banco Mundial.

"Contudo, o impacto de cada ponto adicional no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no resto do mundo provavelmente será menor que o dos últimos anos", afirmou o analista.

Sem poder contar com o aumento da demanda externa, o foco das medidas tomadas pelo governo chinês tem sido a manutenção dos níveis elevados da demanda interna.

O pacote de medidas para a infra-estrutura deve mais do que dobrar o déficit público. Além disso, o governo já reduziu a taxa básica de juros cinco vezes e diminuiu o recolhimento dos depósitos bancários quatro vezes desde o início da crise.

As medidas surtiram o efeito positivo de manter o crédito em expansão no início deste ano. A Merrill Lynch, porém, acredita que a China tem espaço para afrouxar ainda mais a política monetária.

Ainda assim, a equipe da corretora se mantém "cautelosamente otimista" sobre a influência que a China pode exercer na estabilização da economia mundial e nos mercados financeiros durante o cenário desafiador do ano de 2009.

Quanto ao impacto do pacote governamental sobre o comércio global, o banco espera que os estímulos fiscais tenham efeitos positivos apenas moderados nas exportações mundiais.

Os principais beneficiado serão os países exportadores de commodities, como o Brasil. Já as maiores economias do planeta - notadamente a americana e a européia - não terão como compensar a fraqueza de seus mercados internos com exportações para a China.

Ao contrário dos Estados Unidos, que tiraram o mundo de várias crises nas últimas décadas por meio de estímulos ao consumo, a China não terá como absorver o excedente de produtos e serviços dos países desenvolvidos porque o maior fluxo de comércio se dá na direção contrária.

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