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Mercosul;desiste de rodada de;negociação com a UE

A polêmica começou quando os diplomatas europeus refizeram a proposta de abertura comercial, oferecendo a implantação, ao longo de 10 anos, de 60% de uma cota de exportação de produtos agropecuários do Mercosul que hoje não entram na Europa ou são s

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h23.

Frustrada com a resistência européia em abrir uma fresta para seu mercado agrícola, a delegação diplomática do Mercosul interrompeu nesta quarta-feira (21/7) a rodada de negociações com a União Européia (UE), que deveria durar toda a semana. "É absolutamente lamentável que isso tenha acontecido porque, na realidade, hoje, restam poucas opções para o Brasil", diz Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone).

A oferta européia que estava na mesa até ontem era a criação de uma cota para produtos agropecuários que o bloco sul-americano não vende para a Europa ou exporta com uma sobretaxa. Por essa proposta, o Mercosul teria direito de usufruir metade da cota imediatamente, exportando sem nenhum obstáculo comercial. A liberação dos outros 50% ficaria condicionada à conclusão das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), às voltas com sérias dificuldades para destravar a Rodada de Doha. Consciente do risco de simplesmente ficar sem a segunda metade da cota, os membros do Mercosul se opunham a qualquer condicionamento a outro fórum.

A contraproposta da UE foi aumentar a primeira fase, independente das brigas na OMC, para 60% da cota. Porém, e aqui está o motivo da revolta dos negociadores do Mercosul, esta abertura seria concedida em doses homeopáticas, durante 10 anos.

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"Já não andava grande coisa, na realidade já estava empacado, e me surpreenderia se desse certo", diz Fábio Silveira, diretor da MSConsult. Para Silveira, a Comissão Européia deixou claro ao propor a revisão da política de produção do açúcar, na semana passada, que a redução dos subsídios, por exemplo, seria um "longuíssimo processo". Mas, em sua avaliação, a questão não se limita a mercados. "Estamos falando de sustentação a governos. Os subsídios encontram respaldo na base política, há uma resistência intestina muito forte contra a importação de produtos agrícolas. Ou seja, vão mesmo postergar o máximo possível."

O negociador-chefe do Mercosul, o diplomata brasileiro Regis Arslanian, denunciou um retrocesso nos entendimentos. Ele assumiu o posto no lugar do embaixador José Alfredo Graça Lima poucos dias antes do início da rodada, que agora se vê frustrada. O objetivo dos blocos é assinar um acordo de livre comércio até outubro.

Opções

Jank afirma que as opções disponíveis para abertura comercial, no momento, são três: a Rodada de Doha da OMC, cuja conclusão pode ocorrer em três ou quatro anos; a Área de Livre Comércio das Américas, que "desandou e há pouca chance de ser retomada", e a negociação União Européia-Mercosul, que, avalia, talvez ainda tenha alguma chance de emergir em agosto.

"Se a gente perder o timing, vai ser muito difícil avançar depois, porque haverá troca dos comissários europeus no final do ano e o ingresso dos dez novos membros do Leste europeu. Isso dificultará sobremaneira a negociação porque esses novos membros são contrários à idéia de um acordo entre a Europa e o Mercosul, principalmente pela concorrência que isso pode significar para eles", diz Jank.

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