Levy: um nome de peso para um BNDES menos ativo?
Ex-ministro da Fazenda do governo Dilma e, assim como Paulo Guedes, egresso da universidade de Chicago, é favorito para o banco estatal
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2018 às 06h06.
Última atualização em 12 de novembro de 2018 às 07h08.
O ex-ministro da Fazenda do governo Dilma Joaquim Levy pode ser anunciado a qualquer momento por Jair Bolsonaro como novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) , de acordo com os jornais O Globo, Estadão e Valor. Atualmente, Levy ocupa cargo de diretor-geral e diretor-financeiro no Banco Mundial, em Washington, e, antes de assumir a pasta da Fazenda, foi diretor da gestora Bradesco Asset Management, secretário da Fazenda do Rio de Janeiro, vice-presidente de finanças e administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e secretário do Tesouro Nacional.
A nomeação, se confirmada, não será por um acaso. Levy fez doutorado na Universidade de Chicago, mesma instituição onde Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro, fez seu pós-doutorado. Aliás, em abril, Guedes disse que o Brasil deveria ter adotado os preceitos defendidos pelos Chicago Boys, se referindo a um grupo de economistas que estudaram na universidade e influenciaram reformas liberais no Chile, Estados Unidos e Reino Unido.
Levy seria um nome de peso para uma autarquia esvaziada. A se basear pelos discursos de Bolsonaro e inclinações liberais de Guedes, o BNDES deve ter um papel menos proeminente nos próximos anos em relação aos governos anteriores. A ideia é diminuir o tamanho do banco estatal, dando mais espaço para instituições privadas financiarem empresas.
Para Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset, o papel de um banco de fomento de um país é focar em setores que ajudem no desenvolvimento da economia real. “Os empréstimos devem contemplar significativamente pequenas e médias empresas, que são o motor de toda economia desenvolvida. Deve atuar de maneira anti-cíclica, investindo mais nas crises e deixando os bancos privados atuarem em períodos de calmaria, quando geralmente os juros estão baixos”, diz.
Por outro lado, o especialista diz que o BNDES expandiu muito seus gastos depois da crise de 2008. “A proeminência do BNDES tende a diminuir caso o novo presidente entenda que deva diminuir os gastos, ou seja, devolver recursos à União”, afirma. Uma dúvida na mesa: no governo Temer o BNDES foi importante para salvar o caixa do governo federal. O caixa continuará apertado com Bolsonaro — a ver de onde virão os recursos.