Latino-americanos ricos salvam mercado imobiliário de Miami
Venezuelanos, brasileiros e outros latinos endinheirados têm contribuído de forma decisiva para a recuperação no mercado imobiliário de Miami
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2012 às 19h25.
São Paulo - Os latino-americanos têm um velho caso de amor com Miami , mas, a julgar pelo que se vê no mercado imobiliário, raramente ele foi tão intenso.
Venezuelanos, brasileiros e outros latinos endinheirados têm contribuído de forma decisiva para a recuperação no mercado imobiliário de Miami, que chegou a ser símbolo da crise habitacional nos EUA.
Geralmente pagando à vista e sem reclamar do preço, esses compradores arrematam apartamentos e casas, dentro e fora de condomínios fechados, para servirem como investimento ou como segunda moradia. É uma tendência que reflete o forte crescimento econômico da América Latina, uma região que resistiu bastante bem à crise financeira global.
O consumismo latino-americano é visto não só nas imobiliárias, mas também nos reluzentes shoppings da cidade, onde eles compram iPads, roupas de grife e joias, entre outros itens.
Animados, empreendedores imobiliários de Miami vêm lançando novos projetos de olho nesse mercado, embora a Flórida continue sendo um dos Estados dos EUA mais afetados pela crise imobiliária. Também por isso, Miami virou um destino privilegiado para compradores internacionais.
"A América Latina tem realmente ajudado a injetar uma nova vida no nosso mercado", disse Jorge Pérez, presidente do Related Group, importante incorporadora imobiliária do sul da Flórida.
A tendência é capitaneada pelos venezuelanos, que, como muitos latino-americanos, tradicionalmente veem os investimentos imobiliários em Miami como um porto seguro frente à volatilidade política e econômica na região.
Segundo a Associação de Corretores Imobiliários de Miami, os venezuelanos foram os principais compradores estrangeiros em 2011, respondendo por 15 por cento de todas as vendas para pessoas de fora dos EUA. Brasileiros e argentinos vêm logo em seguida nesse ranking.
No ano passado, a venda de imóveis residenciais na Grande Miami teve uma alta recorde de 46 por cento em relação a 2010, segundo a associação. Nos condomínios, os preços finalmente voltaram a se recuperar no segundo semestre do ano passado, e em dezembro os imóveis unifamiliares também tiveram sua primeira valorização desde a recessão.
Muitos venezuelanos dizem que preferiram comprar em Miami porque acham que há cada vez menos oportunidades de negócios no seu país, e consideram que o governo socialista de Hugo Chávez está reprimindo o mercado imobiliário local.
"É o efeito Chávez", disse o venezuelano Cleto Puzzi, que vendeu um apartamento que possuía na Espanha e adquiriu dois em Doral, que ele agora aluga. "Não dá para investir na Venezuela hoje em dia."
Para outros sul-americanos, o principal atrativo de Miami são os preços mais baixos em relação aos imóveis nos seus países de origem.
Um recente relatório da imobiliária RelatedISG, de Miami, mostrou que os preços de apartamentos e casas em condomínios fechados no centro de Miami estão abaixo dos de imóveis recém construídos em cidades como Rio, São Paulo, Buenos Aires e Bogotá.
No centro de Miami, disse o relatório, o preço médio do metro quadrado é de 4.300 dólares, ao passo que esse valor chega a 10.750 dólares no Rio, 9.675 em São Paulo e 5.375 em Buenos Aires.
A disparada do preço dos imóveis no Brasil fez com que os brasileiros saíssem à caça de propriedades em Miami. Beneficiando-se da valorização do real frente ao dólar, os brasileiros também são clientes pródigos nas lojas e shoppings da cidade, onde sempre é possível escutar o português, além do espanhol com sotaques da Venezuela, Argentina e Colômbia.
Para os brasileiros, "tudo é barato demais - sair para jantar, comprar uma camisa, comprar uma casa em condomínio", disse o brasileiro Jacques Claudio Stivelman, presidente da empresa imobiliária Shefaor Development, de Miami.
Os brasileiros gastadores despertam um particular interesse entre os corretores imobiliários de Miami, segundo quem esses clientes chegam interessados em luxuosas propriedades à beira-mar. "Os brasileiros estão comprando na faixa acima de 1 milhão de dólares", disse Zalewski.
E o interesse estrangeiro não se limita à compra de imóveis. Empreendedores de fora dos EUA estão também fortemente envolvidos em mais de 20 novos projetos imobiliários, dos quais muitos devem ser vendidos a investidores estrangeiros.
O interesse dos latino-americanos leva os empreendedores imobiliários - muitos dos quais duramente afetados pela crise imobiliária dos EUA - a adotarem novos modelos de vendas e financiamento.
Antes da crise, o mercado imobiliário local dependia fortemente dos financiamentos bancários, e então o crédito secou. Prédios vazios logo passaram a despontar na paisagem de Miami.
Como agora os estrangeiros representam a maioria dos compradores de imóveis em Miami, os incorporadores criaram opções financeiras com as quais essa clientela está mais familiarizada.
É o caso do financiamento com parcelas intermediárias pagas durante a construção do imóvel. É algo comum na América Latina, e faz com que o comprador pague até 80 por cento do valor antes de receber as chaves.
"Não acho que seja uma abordagem de longo prazo, é uma reação à forma como o mercado está na sua forma atual", disse Pérez.
São Paulo - Os latino-americanos têm um velho caso de amor com Miami , mas, a julgar pelo que se vê no mercado imobiliário, raramente ele foi tão intenso.
Venezuelanos, brasileiros e outros latinos endinheirados têm contribuído de forma decisiva para a recuperação no mercado imobiliário de Miami, que chegou a ser símbolo da crise habitacional nos EUA.
Geralmente pagando à vista e sem reclamar do preço, esses compradores arrematam apartamentos e casas, dentro e fora de condomínios fechados, para servirem como investimento ou como segunda moradia. É uma tendência que reflete o forte crescimento econômico da América Latina, uma região que resistiu bastante bem à crise financeira global.
O consumismo latino-americano é visto não só nas imobiliárias, mas também nos reluzentes shoppings da cidade, onde eles compram iPads, roupas de grife e joias, entre outros itens.
Animados, empreendedores imobiliários de Miami vêm lançando novos projetos de olho nesse mercado, embora a Flórida continue sendo um dos Estados dos EUA mais afetados pela crise imobiliária. Também por isso, Miami virou um destino privilegiado para compradores internacionais.
"A América Latina tem realmente ajudado a injetar uma nova vida no nosso mercado", disse Jorge Pérez, presidente do Related Group, importante incorporadora imobiliária do sul da Flórida.
A tendência é capitaneada pelos venezuelanos, que, como muitos latino-americanos, tradicionalmente veem os investimentos imobiliários em Miami como um porto seguro frente à volatilidade política e econômica na região.
Segundo a Associação de Corretores Imobiliários de Miami, os venezuelanos foram os principais compradores estrangeiros em 2011, respondendo por 15 por cento de todas as vendas para pessoas de fora dos EUA. Brasileiros e argentinos vêm logo em seguida nesse ranking.
No ano passado, a venda de imóveis residenciais na Grande Miami teve uma alta recorde de 46 por cento em relação a 2010, segundo a associação. Nos condomínios, os preços finalmente voltaram a se recuperar no segundo semestre do ano passado, e em dezembro os imóveis unifamiliares também tiveram sua primeira valorização desde a recessão.
Muitos venezuelanos dizem que preferiram comprar em Miami porque acham que há cada vez menos oportunidades de negócios no seu país, e consideram que o governo socialista de Hugo Chávez está reprimindo o mercado imobiliário local.
"É o efeito Chávez", disse o venezuelano Cleto Puzzi, que vendeu um apartamento que possuía na Espanha e adquiriu dois em Doral, que ele agora aluga. "Não dá para investir na Venezuela hoje em dia."
Para outros sul-americanos, o principal atrativo de Miami são os preços mais baixos em relação aos imóveis nos seus países de origem.
Um recente relatório da imobiliária RelatedISG, de Miami, mostrou que os preços de apartamentos e casas em condomínios fechados no centro de Miami estão abaixo dos de imóveis recém construídos em cidades como Rio, São Paulo, Buenos Aires e Bogotá.
No centro de Miami, disse o relatório, o preço médio do metro quadrado é de 4.300 dólares, ao passo que esse valor chega a 10.750 dólares no Rio, 9.675 em São Paulo e 5.375 em Buenos Aires.
A disparada do preço dos imóveis no Brasil fez com que os brasileiros saíssem à caça de propriedades em Miami. Beneficiando-se da valorização do real frente ao dólar, os brasileiros também são clientes pródigos nas lojas e shoppings da cidade, onde sempre é possível escutar o português, além do espanhol com sotaques da Venezuela, Argentina e Colômbia.
Para os brasileiros, "tudo é barato demais - sair para jantar, comprar uma camisa, comprar uma casa em condomínio", disse o brasileiro Jacques Claudio Stivelman, presidente da empresa imobiliária Shefaor Development, de Miami.
Os brasileiros gastadores despertam um particular interesse entre os corretores imobiliários de Miami, segundo quem esses clientes chegam interessados em luxuosas propriedades à beira-mar. "Os brasileiros estão comprando na faixa acima de 1 milhão de dólares", disse Zalewski.
E o interesse estrangeiro não se limita à compra de imóveis. Empreendedores de fora dos EUA estão também fortemente envolvidos em mais de 20 novos projetos imobiliários, dos quais muitos devem ser vendidos a investidores estrangeiros.
O interesse dos latino-americanos leva os empreendedores imobiliários - muitos dos quais duramente afetados pela crise imobiliária dos EUA - a adotarem novos modelos de vendas e financiamento.
Antes da crise, o mercado imobiliário local dependia fortemente dos financiamentos bancários, e então o crédito secou. Prédios vazios logo passaram a despontar na paisagem de Miami.
Como agora os estrangeiros representam a maioria dos compradores de imóveis em Miami, os incorporadores criaram opções financeiras com as quais essa clientela está mais familiarizada.
É o caso do financiamento com parcelas intermediárias pagas durante a construção do imóvel. É algo comum na América Latina, e faz com que o comprador pague até 80 por cento do valor antes de receber as chaves.
"Não acho que seja uma abordagem de longo prazo, é uma reação à forma como o mercado está na sua forma atual", disse Pérez.