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Juros altos roubam R$ 10 bilhões do lucro das empresas

Política monetária contracionista provoca efeito direto no resultado de companhias abertas, que terão o lucro líquido e a margem operacional reduzidos

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h17.

A política de juros altos do governo Lula irá extirpar 10 bilhões de reais do lucro de companhias abertas em 2005. Segundo Alexandre Fischer, diretor-executivo da GRC Visão Consultoria Econômica, há uma forte correlação negativa entre o desempenho do lucro e da margem operacionais e a taxa básica da economia brasileira descontada a inflação. A elevação do patamar de juros reais de 8% ao ano para os atuais 13,5% reduzirá a margem das empresas de 18% em 2004 para 14,5% em 2005.

As perspectivas menos positivas para 2005 não terminam por aí. Adesaceleração do crescimento econômico, prevista por economistas ao longo desta semana, reduzirá em pelo menos 13 bilhões de reais a receita líquida das empresas de capital aberto. "Segundo o nosso modelo, construído sobre a série histórica desde o Plano Real, cada um ponto percentual de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] gera crescimento nominal de 3,2 pontos percentuais nas receitas líquidas", diz Fischer.

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Os cálculos foram feitos a partir dos dados de 455 companhias abertas, com ativo total superior a 50 milhões de reais, para o Anuário Estatístico das Companhias Abertas 2005, lançado nesta sexta-feira (10/6) pelaAssociação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). Além disso, foram utilizadas as informações de 1996 a 2004 consolidadas por setor.

Segundo o anuário da Abrasca, as 455 empresas analisadas a maioria com ações listadas na Bolsa de Valores de São Paulo totalizaram uma receita líquida de 420 bilhões de reais em 2004, o que representou um crescimento real de 4,5% em relação a 2003. Apesar da prevista desaceleração do PIB, a receita nominal dessas companhias deverá crescer a previsão é de um aumento de 10%.

Para Fischer, uma mudança na política monetária a partir deste mês poderia melhorar as perspectivas para as empresas. As estatísticas do anuário mostram que a política monetária sensibiliza mais fortemente os investimentos do que o consumo. Um exemplo é o comportamento do setor de máquinas e o varejo em 2004, quando a Selic manteve-se em queda nos primeiros nove meses. A receita líquida do grupo de consumo caiu 1,22%. O outro grupo, ligado a investimentos na ampliação da produção, cresceu 31%. "A coisa mais covarde que existe no mundo é o dinheiro. A qualquer incerteza, ele vai embora", diz Alfried Plöger, presidente da Abrasca.

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