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Jefferson não apresenta provas e faz mais acusações

"O inquérito está sendo conduzido politicamente, porque tem de haver sangue", diz Roberto Jefferson, pivô de denúncias contra o PT e o governo Lula, em depoimento à Comissão de Ética da Câm

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h49.

"Em política a gente deve tentar ajeitar as coisas até o momento de ruptura." Com essas palavras no início do depoimento à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, Roberto Jefferson, presidente do PTB, consagrou diante de políticos e jornalistas uma clara ruptura com o que chama de "escorpiões da cúpula do PT". "O PTB não é responsável por corrupção nos Correios", afirmou. "O inquérito está sendo conduzido politicamente porque tem de haver sangue."

Jefferson insinuou que o verdadeiro esquema de desvio de recursos está incrustado na diretoria de informática da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, que seria controlada por Silvio Pereira, secretário-geral do Partido dos Trabalhadores. O deputado também negou ter indicado ou mesmo manter qualquer relacionamento com Maurício Marinho, filmado aceitando propina em um episódio que Jefferson classifica de "operação armada e fraudulenta" e "flagrante montado por empresários contratados pela Abin [Agência Brasileira de Inteligência]". O deputado protestou que está sendo submetido a um "linchamento", especialmente pelos meios de comunicação das Organizações Globo.

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Quanto à denúncia de que parlamentares do PP e do PL recebiam um "mensalão" (contribuição mensal de 30 mil reais em troca de votações favoráveis ao governo Lula), o presidente do PTB afirmou que "não arreda uma linha" de suas declarações. "Desde agosto de 2003 é voz corrente nesta casa que que existe o mensalão distribuído pelo Delúbio [Soares, tesoureiro do PT], com conhecimento do senhor José Genoino [presidente da sigla]."

O parlamentar declarou que a bancada do PTB reuniu-se no ano passado para decidir se aceitaria ou não o mensalão e rejeitou por unanimidade a oferta. Jefferson teria informado o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. "Ele bateu na mesa e disse que o Delúbio Soares não tinha autorização para fazer isso", afirmou Jefferson. Quando finalmente o presidente Luis Inácio Lula da Silva soube do mensalão, através de Jefferson, teria demonstrado abatimento, sem fazer qualquer comentário. "Lula estava isolado por um cinturão de isolamento. Você sempre esbarrava no Dirceu."

Ainda segundo o depoimento de Jefferson, uma conseqüência da revelação feita ao presidente foi o fim do mensalão. "Agora os passarinhos estão todos de biquinho aberto e as coisas pararam aqui nesta casa. É síndrome de abstinência", disse o parlamentar.

Jefferson também acusou Dirceu, Genoino, Delúbio e Marcelo Sereno, secretário de comunicação do PT, de não terem palavra, por não cumprir um acordo de financiamento de campanhas do PTB que envolvia a transferência de 20 milhões de reais. Dirigindo-se às câmeras de TV, o deputado mandou um recado para Dirceu: "Se você não sair daí rápido [do governo] vai levar para o banco dos réus o presidente Lula, um homem bom e correto, que tenho orgulho de apertar a mão."

Mídia

Depois que o escândalo nos Correios estourou, Jefferson teria recorrido ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para que sua posição a respeito das acusações fosse veiculada na mídia. O ministro teria dito que nada poderia fazer quanto à revista Veja (da Editora Abril, que também publica a Revista EXAME), pois a publicação seria "tucana". Mas no caso do jornal O Globo e da revista Época, teria dito: "essa eu controlo, a gente acerta por cima".

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