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Itaú vê recuo de 8,4% no PIB de abril, o maior da série iniciada em 2003

Dados que refletem ritmo da atividade indicam que a economia brasileira atingiu o fundo do poço em abril; previsão do banco é de recuperação em maio e junho

Comércio fechado no Rio: abril é o primeiro mês inteiro afetado pela pandemia com dados divulgados (Tania Regô/Agência Brasil)

Ligia Tuon

Publicado em 23 de junho de 2020 às 11h15.

Última atualização em 23 de junho de 2020 às 11h35.

Dados que medem a respostas dos setores produtivos aos impactos da pandemia de covid-10 indicam que abril foi o mês com menor patamar de atividade econômica da crise até agora. O Itaú estima que o recuo do Produto Interno Bruto ( PIB ) no período foi de 8,4% na comparação com março, maior contração da série histórica, iniciada em janeiro de 2003.

O resultado reflete uma soma de resultados desastrosos, já que abril é o primeiro com dados completos de um mês inteiro afetado pela pandemia. A produção industrial teve queda de 18,8% no mês, as vendas no varejo recuaram 17,5% e a receita do setor de serviços, 11,7%. Todos os números representam os maiores recuos históricos também dentro das séries do IBGE. Na comparação com abril de 2019, o PIB mensal medido pelo Itaú caiu12,8%.

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A impressão de que abril atingiu o fundo do poço da crise também veio refletida na ata do Copom divulgada nesta terça-feira, 23, pelo Banco Central (BC). “Dados relativos ao segundo trimestre corroboram a perspectiva de forte contração do PIB no período e sugerem que a atividade atingiu o seu menor patamar em abril, havendo recuperação apenas parcial em maio e junho”, disse o BC.

A nova projeção do BC para o PIB deste ano sairá na quinta-feira, no Relatório Trimestral de Inflação. Em sua última estimativa, feita em março, a autoridade monetária ainda via crescimento zero para a economia em 2020. Já em maio, o BC previu que a contração profunda do PIB ocorreria de abril a junho.

No cálculo de previsão do PIB, o Itaú monitora treze componentes, dos quais nove encolheram em abril. O destaque negativo, como mostram os dados do IBGE, ficou com a indústria de transformação, que recuou 19% na variação mensal com ajuste sazonal. Dentro da indústria de transformação, destaca o banco, a contração foi disseminada, mas com diferentes intensidades, tendo a produção de veículos registrado a maior queda (-88,5%) dentre os segmentos. O destaque positivo foi a indústria extrativa (+1,7%).

O Itaú destaca ainda a queda de 7,4% no consumo das famílias em abril, "resultado observado sobretudo na fraqueza do setor de serviços e do varejo. Por sua vez, o investimento recuou 26,2%, o que se reflete, dentre outras coisas, na queda de 41,9% da produção de bens de capital em abril".

Para frente, a expectativa é de recuperação:

"Dados disponíveis — como nosso monitor diário de atividade, utilização da capacidade instalada, consumo de energia e tráfego de veículos nas estradas com pedágios — apontam que os indicadores de atividade econômica atingiram um piso em abril e começaram a se recuperar em maio e junho", diz o banco em relatório divulgado hoje. Para 2020, o Itaú projeta contração de 4,5% no PIB.

(Com informações de agências)

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