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Investimento estrangeiro no Brasil voltará a crescer

Para especialistas, saídas de recursos do país são pontuais e não devem persistir nos próximos meses

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h10.

O Brasil deve voltar a registrar expansão no investimento estrangeiro direto (IED) ainda em 2006. Isso é o que esperam os analistas, ao apostar em uma reversão da tendência de queda verificada desde julho de 2005, quando o saldo acumulado em 12 meses chegou a 23 bilhões de dólares.

A partir de então, o que se viu foi uma grande saída de recursos, fazendo com que o saldo acumulado em 12 meses caísse 33,5%, para 15,3 bilhões de reais no mês passado. No pior momento, registrado em abril deste ano, o IED chegou a 13,3 bilhões de dólares, quase metade do contabilizado em julho do ano anterior (veja o gráfico abaixo).

A redução do saldo provocou, inclusive, o distanciamento do Brasil dos países que lideram o ranking de principais destinos dos investimentos no mundo, divulgado nesta semana pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Pelo levantamento, o país teve um dos piores desempenhos da América Latina no ano passado, atraindo 15,1 bilhões de dólares. O Reino Unido, que lidera o ranking, captou 164,5 bilhões de dólares no mesmo período.

Reversão nos próximos meses

Apesar da trajetória negativa, o economista-chefe da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Alexander Xavier, afirma que o movimento não deve persistir nos próximos meses. "Essas saídas se concentraram em poucos setores e estão associadas a grandes operações. Mesmo que ocorram novas retiradas, acreditamos que o saldo de investimento estrangeiro direto acumulado em 12 meses suba para 16 bilhões de dólares até dezembro", diz Xavier. Se confirmado, o resultado de 2006 será 6% superior ao de 2005.

No último ano, no entanto, 8,7 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos deixaram o país, sendo o setor de intermediação financeira um dos que mais sacou recursos. O resultado teve forte influência da compra da American Express Card pelo Bradesco, que movimentou 490 milhões de dólares.

Outras três operações impactaram o balanço dos investimentos estrangeiros no país: a El Paso vendeu seus negócios no Brasil por 357,5 milhões de dólares à Petrobras, a Public Service Enterprise Corporation Global foi comprada pela Companhia Paulista de Força e Luz por 185 milhões de dólares, e os ativos da americana Alliant Energy foram adquiridos pela Sociedade Brasileira de Organização e Participações (Sobrapar) pelo valor de 152 milhões de dólares.

Apesar de todas essas transações pertencerem ao setor energético, o analista da corretora Concórdia, Eduardo Kondo, afirma que não há indícios de crise. "O setor energético brasileiro está muito bem, registrando, inclusive, a entrada de novos investidores. Desde 2004, quando passou a vigorar um novo modelo para o setor, só houve melhorias. Por isso, acredito que essas operações sejam casos isolados", afirma Kondo.

Até o fim do ano, deve ser contabilizada ainda a venda de 79,6% do capital da Light pela francesa EDF para um consórcio de empresas brasileiras, transação no valor aproximado de 300 milhões de dólares.

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