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Investidor troca o dólar pela inflação

Alta dos preços e expectativa de superávit comercial alteram o perfil da dívida pública

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h24.

A recente explosão dos preços do dólar e a aceleração da inflação alteraram levemente o perfil da dívida pública. Entre janeiro e outubro, o percentual de títulos corrigidos pelo dólar diminuiu na mesma proporção em que cresceram os papéis corrigidos por índices de inflação, especialmente o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M).

Pelas contas do Tesouro Nacional, a parcela da dívida pública federal vinculada ao dólar recuou de 191 bilhões de reais em setembro para 168 bilhões de reais em outubro. O percentual caiu de 29% para 26,6% do total.

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Nesse mesmo período, a dívida indexada ao IGP-M avançou de 63 para 67 bilhões de reais, subindo de 9,5% para 10,6% do total. A dívida pública pós-fixada, corrigida pelos juros do mercado interbancário, também avançou de 52,9% para 54,2%. Esses títulos permanecem como os mais representativos do mercado, com um total de 342,7 bilhões de reais em circulação.

Esse movimento representa duas expectativas do mercado financeiro. A primeira é de uma estabilidade relativa dos preços do dólar ao longo de 2003. O mercado espera um superávit comercial de 12 bilhões de dólares.

A segunda é a expectativa para o déficit em transações correntes, que vem caindo. Esse déficit engloba a exportação, a importação e as necessidades de financiamento e pagamento de juros. O Banco Central rebaixou, há uma semana, sua estimativa para esse déficit em 2003 de 11 bilhões de dólares para 8,6 bilhões.

Com isso, o mercado espera pouca pressão sobre o dólar e está diminuindo sua demanda para os títulos cambiais. É o raciocínio clássico dos profissionais de mesas de operação financeira: só comprar aquilo que claramente vai subir no futuro.

Esse mesmo raciocínio faz com que o governo venha tendo bastante sucesso em vender títulos corrigidos por índices de preço. Os analistas são unânimes em afirmar que a inflação será elevada em 2003: os números mais pessimistas mostram um aumento de dois dígitos nos índices de preço de varejo e de até 30% na inflação de atacado. O resultado é menos títulos em dólar e mais papéis vinculados à inflação, ou mesmo aos juros. Nesse último caso, vale o raciocínio que os juros embutem uma previsão de inflação.

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