Economia

Inflação em 2004 cumprirá meta do governo

A aceleração do IPCA em novembro não provocou o estouro da margem de 2,5 pontos percentuais determinada pelo Banco Central para a meta de inflação deste ano

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

A política monetária conservadora do governo Lula já garantiu, pelo menos, um resultado. A meta de inflação estipulada junto ao Fundo Monetário Internacional será respeitada, considerada a margem de tolerância. Em novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência para a meta, apresentou alta de 0,69%. O resultado indica uma aceleração em relação a outubro, quando a inflação ficou em 0,44%, mas não será suficiente para que a inflação estoure o teto de 8% determinado pelo Banco Central (BC) para este ano. O teto é 2,5 pontos percentuais maior que o centro da meta de inflação, fixada em 5,5% para 2004.

"Esperamos um IPCA de 7,30% a 7,35% neste ano", afirma o economista Flávio Serrano, do Banco Espírito Santo (BES). Até novembro, a inflação acumulada foi de 6,68%, abaixo dos 8,74% registrados em igual período do ano passado. Nos últimos 12 meses encerrados em novembro, o índice ficou em 7,24%. Segundo Serrano, outro fator que ajudará a inflação a se manter dentro da margem de tolerância neste ano é a desaceleração de preços prevista para dezembro. O BES, por exemplo, estima que o IPCA fique em 0,60% neste mês.

"Ainda sentiremos alguma influência do reajuste dos combustíveis, mas haverá uma ligeira desaceleração", diz Serrano. Os combustíveis, aliás, foram os principais responsáveis pela maior inflação registrada em novembro, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A gasolina e o álcool combustível apresentaram as maiores contribuições individuais para a taxa do mês passado, com 0,11 e 0,10 ponto percentual, respectivamente.

O aumento desses itens também influenciou as passagens aéreas, que ficaram, em média, 2,86% mais caras no mesmo período, e o gás de cozinha, que subiu 1,45%, entre outros produtos. No acumulado até novembro, a gasolina e o álcool registram altas de 9,11% e 28%, respectivamente.

Meta de 2005

O resultado de novembro veio um pouco acima do previsto pelo BES (0,64%), devido à maior influência dos preços administrados. O banco projetava uma alta de 1,10% nesse item, mas o aumento efetivo foi de 1,41%. Já os preços livres comportaram-se dentro do esperado, com uma alta de 0,39%, contra a projeção de 0,40%.

Segundo Serrano, a análise do núcleo dos preços livres traz uma certa preocupação quanto ao cumprimento do centro da meta de inflação de 2005, de 5,1%. "O patamar está elevado", diz. Em novembro, o núcleo dos preços livres ficou em 0,66%. "Para que a meta de 2005 seja cumprida, o núcleo deveria baixar para um patamar de 0,40% a 0,42%", afirma Serrano. Sendo improvável que uma desaceleração desse porte ocorra em pouco espaço de tempo, o BES continua projetando uma inflação de 5,7% para o próximo ano.

A mesma avaliação é feita pelo Bradesco. Segundo relatório do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do banco, "pode-se dizer que os núcleos continuam em um patamar incompatível com a meta de inflação de 2005. A meta é de 5,10%, enquanto os núcleos anualizados sinalizam uma inflação de 7,06% a 7,70%".

Conforme Serrano, os dados permitem tirar uma conclusão de certeza absoluta: o Comitê de Política Monetária vai elevar novamente a Selic neste mês. A previsão do BES é de uma alta de 0,5 ponto percentual. Diante das pressões inflacionárias, o banco não descarta, inclusive, uma eventual elevação dos juros em janeiro.

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