Tomate, feijão e gasolina levam IPCA de março ao maior nível desde 2015
Os segmentos de Alimentação e bebidas e de Transportes foram os maiores responsáveis pela alta dos preços no mês, de acordo com o IBGE
Ligia Tuon
Publicado em 10 de abril de 2019 às 09h01.
Última atualização em 10 de abril de 2019 às 10h49.
São Paulo - A inflação oficial no Brasil, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,75% em março. T rata-se da a maior taxa para o mês desde 2015, quando chegou a 1,32%, segundodados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos últimos 12 meses, o IPCAacumula alta de 4,58%, bem acima daestimativa do mercado para a taxa em 2019, de acordo com o último relatório Focus, de3,90%.A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.
Tomate, feijão e gasolina pesaram
Todos os grupos pesquisados no IPCA subiram de preço, exceto Comunicação (-0,22%). Mas os maiores vilões da alta foram os segmentos de Alimentação e bebidas e de Transportes. Com avanços de 1,37% e 1,44%, respectivamente, os dois grupos responderam por 80% do índice do mês. No primeiro grupo, os destaques foram tomate (31,84%), batata-inglesa (21,11%), feijão-carioca (12,93%) e frutas (4,26%).
O preço do feijão carioca, segundo destaca a pesquisa, mais que dobrou no primeiro trimestre, atingindo a maior alta desde o Plano Real para o período, em razão de problemas na safra e dos estoques baixos.
O grupo de Transportes acelerou em março, após deflação de 0,34% em fevereiro, levado, principalmente, pela alta de 3,49% nos combustíveis. O resultado foi influenciado pelo aumento no preço da gasolina (2,88%) e do etanol (7,02%). “O índice de março reflete em parte o aumento de 10,82% no preço da gasolina na refinaria, concedido pela Petrobrás entre 27 de fevereiro e 29 de março, período de coleta do IPCA”, explicao gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, na pesquisa divulgada nesta quarta.
Segundo o IBGE, outras contribuições para a taxa positiva no grupo Transportes vieram do aumento nos preços nas passagens aéreas (7,29%) e ônibus urbanos (0,90%).
Grupo | Variação em fev., em % | Variação em março, em % |
---|---|---|
Índice Geral | 0,43 | 0,75 |
Alimentação e Bebidas | 0,78 | 1,37 |
Habitação | 0,38 | 0,25 |
Artigos de Residência | 0,2 | 0,27 |
Vestuário | -0,33 | 0,45 |
Transportes | -0,34 | 1,44 |
Saúde e Cuidados Pessoais | 0,49 | 0,42 |
Despesas Pessoais | 0,18 | 0,16 |
Educação | 3,53 | 0,32 |
Comunicação | 0 | -0,22 |
Grupo | Impacto em fevereiro (p.p.) | Impacto em março (p.p.) |
---|---|---|
Índice Geral | 0,43 | 0,75 |
Alimentação e Bebidas | 0,19 | 0,34 |
Habitação | 0,06 | 0,04 |
Artigos de Residência | 0,01 | 0,01 |
Vestuário | -0,02 | 0,02 |
Transportes | -0,06 | 0,26 |
Saúde e Cuidados Pessoais | 0,06 | 0,05 |
Despesas Pessoais | 0,02 | 0,02 |
Educação | 0,17 | 0,02 |
Comunicação | 0 | -0,01 |