Exame Logo

Indicador de custo vai beneficiar criadores de ovinos

Índice de Custo de Produção do Cordeiro Paulista será lançado sábado, no I Dia de Campo, em Pirassununga

Indice permitirá acompanhar impacto de vários fatores no preço final dos cordeiros (Sebrae/BA)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2012 às 16h27.

São Paulo - Neste sábado (22), no campus de Pirassununga da USP, ocorrerá o lançamento do Índice de Custo de Produção do Cordeiro Paulista (ICPC). O novo indicador resulta de um projeto desenvolvido no Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal (LAE) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP da cidade. A ferramenta permite acompanhar a variação do custo da produção de ovinos, levando a melhor compreensão da dinâmica econômica do setor.

O projeto foi desenvolvido pela zootecnista Camila Raineri, doutoranda do LAE . O lançamento ocorrerá durante o Dia de Campo do LAE, que terá como tema Ferramentas Práticas de Gestão em Ovinocultura.

Veja também

“A ovinocultura paulista é um setor relativamente novo e em expansão e ainda não existem índices de custo como os já usados em outras atividades”, conta a pesquisadora. Segundo ela, o que já existe no setor é o indicador de preços para ovinos, desenvolvido pelo professor Celso Carrer, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga. “Com esses dois indicadores, os criadores terão em mãos instrumentos que permitem mostrar qual é a rentabilidade do negócio”, completa.

Camila também atua como criadora de ovinos e relata a dificuldade que existe, atualmente, para os produtores calcularem o custo de produção. “Como o criador não sabe qual é o custo real do seu cordeiro, corre-se o risco de achar que o preço de venda do animal é justo, quando, na verdade, o lucro pode estar sendo deprimido”, conta. O ICPC surge a partir desta demanda.

Metodologia

O ICPC foi desenvolvido em três etapas. Na primeira, foi realizado o levantamento de todos os insumos utilizados na ovinocultura a partir de entrevistas com cerca de 60 criadores de cinco regiões produtoras do Estado de São Paulo, e com técnicos do setor atuantes nestes locais. “São regiões ligadas às cidades de Araçatuba, São José do Rio Preto, Campinas, Piracicaba e Bauru. Elas representam cerca de 52% do rebanho de ovinos existente no Estado”, explica Camila. Essas reuniões aconteceram entre o segundo semestre de 2011 e o primeiro semestre de 2012.

Foram levantadas as principais características encontradas na ovinocultura de cada região, como a área utilizada, número de funcionários, alimentação (grãos, cana e outros volumosos), índices zootécnicos (como taxas de prenhez e mortalidade), sanidade (vacinas e vermífugos), equipamentos (trator, carreta, ensiladeira — equipamento que corta o capim), preço de mão-de-obra (registrados e diaristas), valor da terra, etc.


Na segundo etapa, os pesquisadores elaboraram planilhas de cálculos de custo específicos para cada uma das cinco regiões participantes do estudo. “Não consideramos adequado usar planilhas já prontas referentes a outras espécies, pois há características fisiológicas e práticas bastante distintas. Por exemplo, a gestação de uma vaca dura 9 meses e ela da à luz a um bezerro por ano. Já a ovelha tem uma gestação de cerca de 5 meses, podendo parir gêmeos ou até trigêmeos, em mais de um parto ao ano”.

O terceiro passo foi a cotação mensal de todos os insumos utilizados na criação para cada uma das cinco regiões. Ela começou em julho deste ano e deverá se estender até o próximo mês de novembro, abrangendo cinco meses de levantamento.

Impacto no preço final

A pesquisadora obteve o índice a partir da união dos dados coletados nas três etapas. A planilha foi alimentada com os dados das cinco regiões e das cotações mensais. “Obtivemos os custos mensais de produção para cada uma das cinco regiões. Será possível acompanhar a evolução do custo de produção de ovinos e o impacto da alteração de preços dos insumos, juros e outros aspectos no preço final dos cordeiros”, destaca.

Segundo Camila, a participação dos criadores foi vital para a pesquisa. “Recebo ligações de outros criadores querendo participar do estudo”, diz. No sábado, durante o lançamento do índice, todos os participantes receberão um exemplar da planilha gravado em CD, e poderão opinar sobre a importância e o método da pesquisa.

A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Camila, com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e tem a orientação do professor Augusto Hauber Gameiro, coordenador do LAE. A defesa está prevista para o dia 18 de dezembro deste ano. “Nossa ideia é que, após a defesa, possamos continuar a fazer o levantamento das cotações a fim de expandir o projeto. Assim ele poderá ser replicado para qualquer outro lugar fora das cinco regiões que estudamos.”

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAgropecuáriaIndicadores econômicosTrigo

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame