Economia

Banco Central descarta elevação da Selic para conter câmbio

Presidente do BC garantiu que autoridade monetária continuará trabalhando para oferecer liquidez aos mercados de câmbio e de juros "enquanto for necessário"

Ilan Goldfajn: "A política monetária olha para projeções, expectativas de inflação e balanço de riscos e não será usada para controlar taxa de câmbio" (Adriano Machado/Reuters)

Ilan Goldfajn: "A política monetária olha para projeções, expectativas de inflação e balanço de riscos e não será usada para controlar taxa de câmbio" (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de junho de 2018 às 19h26.

Última atualização em 8 de junho de 2018 às 15h04.

Após um dia de nervosismo no mercado financeiro, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, garantiu que a autoridade monetária continuará trabalhando com o Tesouro Nacional para oferecer liquidez aos mercados de câmbio e de juros "enquanto for necessário".

Ele ressaltou, porém, que o regime de câmbio flutuante é a primeira linha de defesa do País e rechaçou o uso da taxa de juros para controlar a taxa de câmbio.

"A política monetária é separada da política cambial, não há relação mecânica entre as duas. A política monetária olha para projeções, expectativas de inflação e balanço de riscos e não será usada para controlar taxa de câmbio", disse Goldfajn em entrevista coletiva convocada no início da noite.

O presidente do BC disse que a autoridade monetária tem atuado para prover liquidez e continuará oferecendo contratos de swap. Ele destacou que o BC conta hoje com uma munição maior e vai oferecer US$ 20 bilhões em swaps até o fim da semana que vem, "sem prejuízo de atuações adicionais".

"Esse é seguro que contratamos no passado. Reduzimos o estoque de swaps quando estávamos no interregno benigno. Hoje estamos usando esse seguro e podemos ir além dos máximos históricos do passado", disse o presidente do BC. Além do swap, Goldfajn também citou outros instrumentos como leilões de linha.

Goldfajn buscou destacar os fundamentos sólidos da economia brasileira. "O balanço de pagamentos do Brasil é muito bom, nós temos uma conta corrente equilibrada. Nós esperamos que esse fluxo de conta corrente seja superavitário nos próximos 12 meses", disse.

Além do ingresso de moeda estrangeira por conta do superávit esperado na conta corrente, o presidente do BC destacou o patamar significativo de investimento estrangeiro no País, de 3 4% do PIB. "Nosso balanço de pagamentos, quando comparado a outras economias, temos balanço de pagamentos muito mais confortável", afirmou.

O presidente do BC iniciou a coletiva destacando que houve mudança relevante no cenário externo, principalmente em relação ao apetite por investimentos em mercados emergentes. "Observamos nos últimos meses e semanas uma mudança, que vem do exterior", disse, citando a elevação na taxa de juros nos Estados Unidos como um dos fatores que tem revertido o fluxo de capitais. "Está ocorrendo choque externo", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioDólarIlan Goldfajn

Mais de Economia

Propostas que ganharam urgência na Câmara equivalem a 61% do ajuste fiscal previsto pelo governo

Bastidores: imbróglio das emendas parlamentares ainda é principal entrave à pauta econômica

Corte de gastos: Câmara aprova urgência para votar reajuste do salário mínimo