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IGP-M menor não elimina risco inflacionário, diz FGV

O dado divulgado nesta quinta-feira, 8, pela Fundação Getulio Vargas (FGV) trouxe variação de 0,13%, ante alta de 0,26% na prévia de julho

Tomate: vilão da inflação no início do ano, tomate caiu 6,61% na prévia de agosto, mas já vinha de um tombo (-40,26%) do mês anterior (Susy Morris/Creative Commons)
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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2013 às 15h42.

Rio de Janeiro - A desaceleração dos preços na primeira prévia do IGP-M de agosto não garante uma queda consistente do indicador no mês. O dado divulgado nesta quinta-feira, 8, pela Fundação Getulio Vargas (FGV) trouxe variação de 0,13%, ante alta de 0,26% na prévia de julho.

"É preciso olhar nas entrelinhas. Há sinais de transformação nos preços, no sentido de elevar a taxa, que vão ficar mais evidentes ao longo do mês", afirmou o coordenados dos IGPs do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Salomão Quadros.

O economista aponta uma preocupação relativa ao comportamento dos bens finais no atacado e que devem chegar ao consumidor. É o caso dos alimentos in natura, que vêm caindo e agora já chegam ao limite da desaceleração. Vilão da inflação no início do ano, o tomate caiu 6,61% na prévia de agosto, mas já vinha de um tombo (-40,26%) do mês anterior.

"É o primeiro passo para a queda virar elevação" , diz Quadros. Os alimentos processados já registraram uma aceleração no mês. "A contaminação do IPC já está começando", atesta.

Além do esgotamento do potencial de desaceleração de alguns itens, o efeito da valorização do dólar frente ao real também tende a aparecer com mais nitidez.

O câmbio é um dos responsáveis por manter em 1,05% a inflação de bens intermediários nesta prévia, caso de insumos industriais e também produtos voltados à exportação, como a carne bovina, que subiu de 2,85% para 5,82%. "É nos alimentos que o câmbio está mais próximo do consumidor", diz Quadros.

A redução significativa do preço das matérias-primas brutas (-0,97%) ajudou a jogar para baixo o indicador geral. No entanto, Quadros salienta que ela foi apoiada na queda brusca da cotação da soja (de +4,07% para -2,82%) e do milho (de +0,16% para -5,52%) na passagem de julho para agosto.


No primeiro caso há uma devolução da alta causada por uma corrida preventiva ao produto pelo temor de que a safra americana da soja decepcionasse.

"O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) está bem menor, mas a composição preocupa. Os alimentos já não estão caindo como antes e entre as matérias-primas há mais itens subindo que caindo", diz Quadros. Apesar de ofuscados pelo peso da soja, itens como leite in natura, aves e arroz sinalizam alta e devem impactar o varejo em breve. O IPA tem peso de 60% na composição do IGP-M e ficou em 0,15% no período de 21 a 31 de julho, intervalo em que foi coletada a prévia de agosto.

Apesar de ter registrado uma inversão de sinais e ficado negativo na prévia (-0,04%), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) já sente uma menor contribuição dos alimentos para a desaceleração. As massas e farinhas saíram de uma queda de -0,26% na prévia de julho e tiveram alta de 0,49% em agosto. Os laticínio subiram 2,28%, após um recuo de -1,23%. "Por enquanto só se identifica o movimento nos alimentos processados, mas vai chegar às hortaliças", diz.

Pesou a favor do IPC a revogação do aumento das tarifas de ônibus nas principais capitais brasileiras, após as manifestações populares. No entanto, os números mostram que esse efeito está no fim: a queda no item transportes foi de -0,18% nesta prévia, menor que o -0,52% de julho. "A fragilidade do IPC aparece nesses dados", aponta Salomão Quadros.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10%, fechou a prévia em 0,33%. Para o economista da FGV, o índice é o único em que é possível garantir a contínua trégua à inflação. O comportamento reflete o fim do período de maiores custos com mão de obra, que caíram pela terceira prévia consecutiva, para 0,09%. "É um resultado consistente ao longo do mês", afirma.

A variação de 0,13% do IGP-M na prévia de julho é a menor desde maio deste ano (0,03%). Excetuado aquele mês, havia uma sequência de IGPs mais salgados.

Em 12 meses o indicador apresenta um processo significativo de desaceleração, registrando 3,83% na prévia de agosto. Quadros lembra que este é um patamar bem inferior ao de 2012, quando o IGP-M de janeiro a dezembro fechou a 7,82%.

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Rio de Janeiro - A desaceleração dos preços na primeira prévia do IGP-M de agosto não garante uma queda consistente do indicador no mês. O dado divulgado nesta quinta-feira, 8, pela Fundação Getulio Vargas (FGV) trouxe variação de 0,13%, ante alta de 0,26% na prévia de julho.

"É preciso olhar nas entrelinhas. Há sinais de transformação nos preços, no sentido de elevar a taxa, que vão ficar mais evidentes ao longo do mês", afirmou o coordenados dos IGPs do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Salomão Quadros.

O economista aponta uma preocupação relativa ao comportamento dos bens finais no atacado e que devem chegar ao consumidor. É o caso dos alimentos in natura, que vêm caindo e agora já chegam ao limite da desaceleração. Vilão da inflação no início do ano, o tomate caiu 6,61% na prévia de agosto, mas já vinha de um tombo (-40,26%) do mês anterior.

"É o primeiro passo para a queda virar elevação" , diz Quadros. Os alimentos processados já registraram uma aceleração no mês. "A contaminação do IPC já está começando", atesta.

Além do esgotamento do potencial de desaceleração de alguns itens, o efeito da valorização do dólar frente ao real também tende a aparecer com mais nitidez.

O câmbio é um dos responsáveis por manter em 1,05% a inflação de bens intermediários nesta prévia, caso de insumos industriais e também produtos voltados à exportação, como a carne bovina, que subiu de 2,85% para 5,82%. "É nos alimentos que o câmbio está mais próximo do consumidor", diz Quadros.

A redução significativa do preço das matérias-primas brutas (-0,97%) ajudou a jogar para baixo o indicador geral. No entanto, Quadros salienta que ela foi apoiada na queda brusca da cotação da soja (de +4,07% para -2,82%) e do milho (de +0,16% para -5,52%) na passagem de julho para agosto.


No primeiro caso há uma devolução da alta causada por uma corrida preventiva ao produto pelo temor de que a safra americana da soja decepcionasse.

"O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) está bem menor, mas a composição preocupa. Os alimentos já não estão caindo como antes e entre as matérias-primas há mais itens subindo que caindo", diz Quadros. Apesar de ofuscados pelo peso da soja, itens como leite in natura, aves e arroz sinalizam alta e devem impactar o varejo em breve. O IPA tem peso de 60% na composição do IGP-M e ficou em 0,15% no período de 21 a 31 de julho, intervalo em que foi coletada a prévia de agosto.

Apesar de ter registrado uma inversão de sinais e ficado negativo na prévia (-0,04%), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) já sente uma menor contribuição dos alimentos para a desaceleração. As massas e farinhas saíram de uma queda de -0,26% na prévia de julho e tiveram alta de 0,49% em agosto. Os laticínio subiram 2,28%, após um recuo de -1,23%. "Por enquanto só se identifica o movimento nos alimentos processados, mas vai chegar às hortaliças", diz.

Pesou a favor do IPC a revogação do aumento das tarifas de ônibus nas principais capitais brasileiras, após as manifestações populares. No entanto, os números mostram que esse efeito está no fim: a queda no item transportes foi de -0,18% nesta prévia, menor que o -0,52% de julho. "A fragilidade do IPC aparece nesses dados", aponta Salomão Quadros.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10%, fechou a prévia em 0,33%. Para o economista da FGV, o índice é o único em que é possível garantir a contínua trégua à inflação. O comportamento reflete o fim do período de maiores custos com mão de obra, que caíram pela terceira prévia consecutiva, para 0,09%. "É um resultado consistente ao longo do mês", afirma.

A variação de 0,13% do IGP-M na prévia de julho é a menor desde maio deste ano (0,03%). Excetuado aquele mês, havia uma sequência de IGPs mais salgados.

Em 12 meses o indicador apresenta um processo significativo de desaceleração, registrando 3,83% na prévia de agosto. Quadros lembra que este é um patamar bem inferior ao de 2012, quando o IGP-M de janeiro a dezembro fechou a 7,82%.

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