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Greve de cinco meses vira símbolo sindical na Grécia

A usina de Halyvourgia Ellados de Aspropyrgos enfrenta vários meses de greve no país e vira símbolo das lutas sindicais

Olheiras, barbas por fazer e o cansaço de noites em claro marcam os rostos dos operários paralisados às portas da usina, homens acostumados a trabalhar com fogo e aço (Milos Bicanski/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2012 às 06h32.

Aspropyrgos - Os 380 operários de uma usina siderúrgica grega se tornaram símbolo das lutas sindicais do país por uma greve que já entra em seu quinto mês e com a qual os trabalhadores denunciam os planos da empresa de despedir metade dos funcionários ou diminuir os salários.

A usina de Halyvourgia Ellados de Aspropyrgos localiza-se à beira da estrada que atravessa a zona industrial entre Atenas e Corinto, onde as fábricas perdem sua força, vítimas da crise econômica e do consequente desemprego que se estende como uma doença contagiosa.

Olheiras, barbas por fazer e o cansaço de noites em claro marcam os rostos dos operários paralisados às portas da usina, homens acostumados a trabalhar com fogo e aço. Estão em greve há 143 dias.

A greve - 'a mais longa da Europa dos últimos anos, talvez desde as britânicas dos anos 1980', como descreveu um funcionário - está recebendo demonstrações de solidariedade de todo o país.

Mas 143 dias têm 3.432 horas e os ponteiros do relógio se movem devagar, principalmente quando ainda não se sabe o que se espera. O único objetivo desses trabalhadores é aguentar e resistir, porque sabem que, se voltarem atrás, estarão perdidos.

Em outubro, o dono da empresa siderúrgica, Nikolaos Manessis, membro da diretoria do Alphabank (um dos principais bancos gregos), disse que estava sofrendo prejuízos e planejou a demissão de 180 trabalhadores ou a redução da jornada de trabalho de 8 para 5 horas, com um consequente corte salarial de 40%, o que representa 600 euros por mês.

'A demanda interna caiu 70%. Tínhamos de fazer isso para sobreviver', justifica Yannis Karayannis, diretor de desenvolvimento da empresa, em declarações à Agência Efe.

Os trabalhadores negaram que houvesse perdas e alegaram que, nos últimos meses, suas jornadas de trabalho aumentaram para 15 horas. Depois, 24 operários foram demitidos e, nos meses seguintes, a empresa continuou despedindo os grevistas.

'Já são 93, mas nós não reconhecemos essas demissões. Continuaremos a greve até nossos companheiros serem readmitidos e voltarmos a ter a mesma carga horária de antes', exclama à Efe Giorgos Sinfonios, presidente do sindicato da empresa.

A empresa acusa os grevistas de intransigência nas negociações. 'Tentamos negociar várias vezes, mas todas as nossas propostas foram rejeitadas pelos sindicalistas', critica Karayannis, que considera a paralisação uma 'propaganda comunista'.


'A situação é muito difícil após tantos dias de luta, mas nossas famílias estão nos apoiando', explica Dimitris, mecânico da usina e membro do movimento grevista.

Os 380 trabalhadores que estão de braços cruzados vivem das doações que chegam de toda a Grécia e inclusive de outros países. 'Graças à Caixa de Resistência, podemos comer. E as pessoas também nos enviam alimentos e roupas', diz o operário Jaris.

'No entanto, temos companheiros com cinco ou seis filhos. Eles são os que mais precisam de ajuda porque, neste país, as pessoas têm de pagar por tudo, inclusive pela saúde e educação', reclama Jaris.

O professor Markos Garbis, que leciona em uma escola da região, comenta sobre os impactos da situação aos estudantes. 'Em minha escola, temos alguns filhos dos grevistas. Estão deprimidos e sentem que não há futuro'.

Já a empresa alega que a greve não está causando nenhum dano porque pode suprir a demanda com a produção de sua outra usina.

'O futuro é muito sombrio para toda a Grécia, portanto a única coisa que nós, trabalhadores, podemos fazer é ficarmos unidos', complementa Sinfonios.

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A usina de Halyvourgia Ellados de Aspropyrgos localiza-se à beira da estrada que atravessa a zona industrial entre Atenas e Corinto, onde as fábricas perdem sua força, vítimas da crise econômica e do consequente desemprego que se estende como uma doença contagiosa.

Olheiras, barbas por fazer e o cansaço de noites em claro marcam os rostos dos operários paralisados às portas da usina, homens acostumados a trabalhar com fogo e aço. Estão em greve há 143 dias.

A greve - 'a mais longa da Europa dos últimos anos, talvez desde as britânicas dos anos 1980', como descreveu um funcionário - está recebendo demonstrações de solidariedade de todo o país.

Mas 143 dias têm 3.432 horas e os ponteiros do relógio se movem devagar, principalmente quando ainda não se sabe o que se espera. O único objetivo desses trabalhadores é aguentar e resistir, porque sabem que, se voltarem atrás, estarão perdidos.

Em outubro, o dono da empresa siderúrgica, Nikolaos Manessis, membro da diretoria do Alphabank (um dos principais bancos gregos), disse que estava sofrendo prejuízos e planejou a demissão de 180 trabalhadores ou a redução da jornada de trabalho de 8 para 5 horas, com um consequente corte salarial de 40%, o que representa 600 euros por mês.

'A demanda interna caiu 70%. Tínhamos de fazer isso para sobreviver', justifica Yannis Karayannis, diretor de desenvolvimento da empresa, em declarações à Agência Efe.

Os trabalhadores negaram que houvesse perdas e alegaram que, nos últimos meses, suas jornadas de trabalho aumentaram para 15 horas. Depois, 24 operários foram demitidos e, nos meses seguintes, a empresa continuou despedindo os grevistas.

'Já são 93, mas nós não reconhecemos essas demissões. Continuaremos a greve até nossos companheiros serem readmitidos e voltarmos a ter a mesma carga horária de antes', exclama à Efe Giorgos Sinfonios, presidente do sindicato da empresa.

A empresa acusa os grevistas de intransigência nas negociações. 'Tentamos negociar várias vezes, mas todas as nossas propostas foram rejeitadas pelos sindicalistas', critica Karayannis, que considera a paralisação uma 'propaganda comunista'.


'A situação é muito difícil após tantos dias de luta, mas nossas famílias estão nos apoiando', explica Dimitris, mecânico da usina e membro do movimento grevista.

Os 380 trabalhadores que estão de braços cruzados vivem das doações que chegam de toda a Grécia e inclusive de outros países. 'Graças à Caixa de Resistência, podemos comer. E as pessoas também nos enviam alimentos e roupas', diz o operário Jaris.

'No entanto, temos companheiros com cinco ou seis filhos. Eles são os que mais precisam de ajuda porque, neste país, as pessoas têm de pagar por tudo, inclusive pela saúde e educação', reclama Jaris.

O professor Markos Garbis, que leciona em uma escola da região, comenta sobre os impactos da situação aos estudantes. 'Em minha escola, temos alguns filhos dos grevistas. Estão deprimidos e sentem que não há futuro'.

Já a empresa alega que a greve não está causando nenhum dano porque pode suprir a demanda com a produção de sua outra usina.

'O futuro é muito sombrio para toda a Grécia, portanto a única coisa que nós, trabalhadores, podemos fazer é ficarmos unidos', complementa Sinfonios.

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