Governo não vai intervir para empresas ficarem na Argentina
Governo não vai mais intervir para que empresas brasileiras fiquem na Argentina, num momento em que algumas delas relatam um ambiente de negócios complicado no país
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2013 às 18h07.
Brasília - O governo brasileiro não vai mais intervir para que empresas brasileiras fiquem na Argentina , num momento em que algumas delas relatam um ambiente de negócios complicado para investimentos no país vizinho, disseram à Reuters duas altas autoridades do Brasil.
A posição rompe uma tradição reforçada durante o governo Lula, segundo uma das fontes, quando o Brasil estimulou a ida de empresas para a Argentina, como forma de reforçar o Mercosul e os vínculos com o vizinho.
O principal sinal da inflexão na posição do governo brasileiro, segundo uma das fontes, ocorreu neste mês, quando a Vale anunciou que estava suspendendo um projeto de exploração de potássio na Argentina, orçado em cerca de 6 bilhões de dólares.
A intenção da mineradora já era conhecida pelo governo brasileiro há pelo menos um ano, acrescentou a fonte que pediu para não ser identificada. Ao anunciar a suspensão de Rio Colorado, a empresa citou que "no contexto macroeconômico atual os fundamentos econômicos do projeto não estão alinhados com o compromisso da Vale com a disciplina na alocação do capital e a criação de valor".
Há cerca de um ano a empresa já mostrava preocupações com inflação, impostos, infraestrutura e política cambial do país vizinho.
"Não há como o governo interferir para que as empresas não revejam seus investimentos se o ambiente é adverso", disse a fonte.
O governo poderia influenciar as decisões de algumas empresas que investem na Argentina por meio da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) --ambas instituições têm participação acionária em diversas companhias.
Atuam na Argentina, além da Vale, que tem a Previ entre os principais acionistas, outras grandes empresas brasileiras como a JBS, maior frigorífico do mundo, com participação do BNDES, e a BRF, uma das principais empresas de alimentos do Brasil, na qual a Previ também é a acionista.
Além da Vale, as fontes citaram especificamente entre as empresas com dificuldades na Argentina a construtora Camargo Corrêa e a JBS.
A Camargo Corrêa, por exemplo, foi impactada pela retração no setor da construção civil no país vizinho, disse uma das fontes. A empresa brasileira controla a maior produtora de cimento na Argentina, a Loma Negra.
Procurada, a Camargo Corrêa informou que não se manifestaria sobre o assunto.
Já a JBS reduziu nos últimos anos suas operações na Argentina, país com tradição na área pecuária. Em maio do ano passado, por exemplo, o frigorífico vendeu uma unidade no país vizinho.
A JBS ainda conta com cinco unidades na Argentina, das quais quatro estão fechadas, por conta do cenário econômico adverso para negócios no país. Procurada, a empresa disse que mantinha seu posicionamento sobre o assunto. O frigorífico tem apenas uma unidade aberta no país vizinho, mas para atender o mercado local.
A dificuldade da Vale e de outras empresas que se instalaram no terceiro maior parceiro comercial do Brasil estava na pauta do encontro das presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner na Argentina, no início de março, mas a reunião foi cancelada pela morte do presidente da Venezuela Hugo Chávez, relatou uma das fontes.
Além da questão da alta inflação, da defasagem do câmbio oficial, do controle de preços, as empresas também enfrentam dificuldades com a remessa de dividendos às matrizes.
"A relação dos dois países continua boa, você nunca vai ouvir o governo brasileiro se queixar abertamente da Argentina, mas o Brasil não pode mais interferir, este tempo passou", disse outra fonte, familiarizada com as negociações.
No ano passado, disputas entre Brasil e Argentina se acirraram na área automotiva e de alimentos, ao ponto de o Brasil retaliar o país vizinho com o cancelamento da licença automática de importação de uma lista de produtos perecíveis.
Neste ano, uma dura batalha deve ocorrer com a renegociação do acordo automotivo entre os dois países --setor superavitário para o Brasil. A Argentina já demonstrou ser contrária à entrada em vigor do livre comércio no setor, acordado entre os países e previsto para julho.
Brasília - O governo brasileiro não vai mais intervir para que empresas brasileiras fiquem na Argentina , num momento em que algumas delas relatam um ambiente de negócios complicado para investimentos no país vizinho, disseram à Reuters duas altas autoridades do Brasil.
A posição rompe uma tradição reforçada durante o governo Lula, segundo uma das fontes, quando o Brasil estimulou a ida de empresas para a Argentina, como forma de reforçar o Mercosul e os vínculos com o vizinho.
O principal sinal da inflexão na posição do governo brasileiro, segundo uma das fontes, ocorreu neste mês, quando a Vale anunciou que estava suspendendo um projeto de exploração de potássio na Argentina, orçado em cerca de 6 bilhões de dólares.
A intenção da mineradora já era conhecida pelo governo brasileiro há pelo menos um ano, acrescentou a fonte que pediu para não ser identificada. Ao anunciar a suspensão de Rio Colorado, a empresa citou que "no contexto macroeconômico atual os fundamentos econômicos do projeto não estão alinhados com o compromisso da Vale com a disciplina na alocação do capital e a criação de valor".
Há cerca de um ano a empresa já mostrava preocupações com inflação, impostos, infraestrutura e política cambial do país vizinho.
"Não há como o governo interferir para que as empresas não revejam seus investimentos se o ambiente é adverso", disse a fonte.
O governo poderia influenciar as decisões de algumas empresas que investem na Argentina por meio da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) --ambas instituições têm participação acionária em diversas companhias.
Atuam na Argentina, além da Vale, que tem a Previ entre os principais acionistas, outras grandes empresas brasileiras como a JBS, maior frigorífico do mundo, com participação do BNDES, e a BRF, uma das principais empresas de alimentos do Brasil, na qual a Previ também é a acionista.
Além da Vale, as fontes citaram especificamente entre as empresas com dificuldades na Argentina a construtora Camargo Corrêa e a JBS.
A Camargo Corrêa, por exemplo, foi impactada pela retração no setor da construção civil no país vizinho, disse uma das fontes. A empresa brasileira controla a maior produtora de cimento na Argentina, a Loma Negra.
Procurada, a Camargo Corrêa informou que não se manifestaria sobre o assunto.
Já a JBS reduziu nos últimos anos suas operações na Argentina, país com tradição na área pecuária. Em maio do ano passado, por exemplo, o frigorífico vendeu uma unidade no país vizinho.
A JBS ainda conta com cinco unidades na Argentina, das quais quatro estão fechadas, por conta do cenário econômico adverso para negócios no país. Procurada, a empresa disse que mantinha seu posicionamento sobre o assunto. O frigorífico tem apenas uma unidade aberta no país vizinho, mas para atender o mercado local.
A dificuldade da Vale e de outras empresas que se instalaram no terceiro maior parceiro comercial do Brasil estava na pauta do encontro das presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner na Argentina, no início de março, mas a reunião foi cancelada pela morte do presidente da Venezuela Hugo Chávez, relatou uma das fontes.
Além da questão da alta inflação, da defasagem do câmbio oficial, do controle de preços, as empresas também enfrentam dificuldades com a remessa de dividendos às matrizes.
"A relação dos dois países continua boa, você nunca vai ouvir o governo brasileiro se queixar abertamente da Argentina, mas o Brasil não pode mais interferir, este tempo passou", disse outra fonte, familiarizada com as negociações.
No ano passado, disputas entre Brasil e Argentina se acirraram na área automotiva e de alimentos, ao ponto de o Brasil retaliar o país vizinho com o cancelamento da licença automática de importação de uma lista de produtos perecíveis.
Neste ano, uma dura batalha deve ocorrer com a renegociação do acordo automotivo entre os dois países --setor superavitário para o Brasil. A Argentina já demonstrou ser contrária à entrada em vigor do livre comércio no setor, acordado entre os países e previsto para julho.