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Governo não terá dificuldades para aprovar novo salário mínimo

Nem mesmo a crise política e a proximidade das eleições devem impedir a aprovação dos 350 reais propostos pelo presidente Lula, dizem analistas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h38.

Ao contrário do que ocorreu nos últimos dois anos, o governo não deverá encontrar dificuldades para aprovar o novo valor do salário mínimo e nem a correção de 8% da tabela do imposto de renda, segundo analistas políticos. Mesmo com a base aliada desarticulada desde a eclosão das denúncias de compra de votos e financiamentos irregulares de campanha, em junho do ano passado, a proposta do executivo contará com alguns fatores a favor. A participação das centrais sindicais na definição do acordo e a pressão da opinião pública para que o Congresso aprove medidas responsáveis devem neutralizar resistências dos movimentos sociais e dos partidos de oposição.

O envolvimento das centrais sindicais na discussão atingiu um nível considerado inédito pelos analistas políticos. Essa participação deve fortalecer a base aliada e aproximar inclusive os partidos de esquerda descontentes com a política do governo, diz o cientista político João Augusto de Castro Neves, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (Ibep). "A imagem do governo entre parlamentares dissidentes do próprio PT deve melhorar e garantir apoio", afirma.

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Nem mesmo a oposição deverá dificultar a aprovação, votando contra o projeto na tentativa de enfraquecer o governo às vésperas das eleições. Os analistas não descartam as habituais propostas de reajuste maior que o enviado pelo Executivo, além de declarações sobre a insuficiência do valor, mas é difícil que a oposição não aceite a proposta do governo. O motivo é que, apesar do acirramento da crise política e da proximidade da disputa presidencial, o Congresso está sob forte pressão da opinião pública. Parte dela já se traduziu em medidas efetivas, como a redução do recesso parlamentar e o fim do salário pago pelas convocações extraordinárias. Deverá prevalecer, portanto, o instinto de autopreservação política entre os parlamentares que desejam concorrer a algum cargo eletivo no final do ano.

Segundo o cientista político da consultoria MCM, Ricardo Ribeiro, "sustentar reajuste maior seria uma medida populista e poderia envolver a oposição em acusações de irresponsabilidade fiscal". "A votação do salário mínimo não é o único instrumento de ataque da oposição. Há as comissões parlamentares, o novo depoimento do ministro [Antonio] Palocci [da Fazenda], do [publicitário] Duda Mendonça e sinalização do publicitário Marcos Valério de optar pela delação premiada", diz Neves, do Ibep. Para Ribeiro, da MCM, a oposição está em uma situação difícil, pois o aumento percentual do salário para 350 reais foi maior que os concedidos pelo governo Fernando Henrique. "Por outro lado, a oposição vai se valer do argumento de que o governo Lula não cumpriu a promessa de dobrar o valor do mínimo", diz Ribeiro.

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