Economia

Fiesp: empresas buscam crédito para aproveitar onda de crescimento

Estudo da entidade aponta que a maior parte dos recursos emprestados foi para capital de giro

Fiesp: empresas buscam crédito para ampliar produção (.)

Fiesp: empresas buscam crédito para ampliar produção (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

São Paulo - Uma pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que 68% das empresas procuraram crédito neste início de ano. Desse total, apenas 13% não conseguiram ter acesso aos recursos por causa de restrições bancárias.

"O quadro é consonante com a expansão econômica do Brasil", diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp. Muitas empresas precisam de capital de giro para crescer, pois pagam os fornecedores antes de receber dos clientes. Além disso, parte dos recursos foi destinada para investimentos e financiamento de exportações (ver quadro abaixo).

 

  TotalPequenaMédiaGrande
Linha InternaCapital de giro49%58%43%30%
 Investimento28%26%30%30%
 Financ. das exportações6%3%9%12%
Linha ExternaCapital de giro6%7%6%4%
 Investimento7%5%9%9%
 Financ. das exportações4%2%3%14%

A pesquisa, publicada com exclusividade pelo site EXAME.com, aponta que 52% das empresas consideram que o acesso aos financiamentos está igual em relação ao segundo semestre do ano passado. Do restante, 27% dizem que está mais fácil e 22%, mais difícil.

Quanto ao custo do crédito, 45% afirmam que o quadro não mudou, e as demais se dividem entre as que acham que melhorou e as que acham que piorou (ver quadro abaixo). "Na média, observamos que o cenário pouco mudou em relação ao segundo semestre de 2009", diz Francini, salientando que a pesquisa foi feita antes da alta da Selic na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

 

Custo do créditoTotalPequenaMédiaGrande
Muito mais caro4%6%2%0%
Mais caro23%29%13%14%
Muito mais barato0%0%0%0%
Mais barato27%21%30%59%
Igual45%45%56%28%


O aperto monetário não significa necessariamente que os financiamentos ficarão mais caros. "O que é uma alta de 0,75 ponto para quem já paga 40% ao ano", questiona Francini. Não é à toa, segundo ele, que um terço das companhias não buscou crédito. "Os empresários, sempre que podem, evitam porque é muito caro."

O problema principal, segundo ele, é o spread bancário muito elevado no Brasil. "Quem pode mais, chora menos", diz o diretor da Fiesp, se referindo às grandes empresas que normalmente conseguem captar recursos mais baratos. É a mesma lógica das pessoas físicas, ou seja, quem mais precisa normalmente tem mais dificuldade de acesso e aceita juros maiores.

Paulo Francini não acredita que a crise europeia possa se agravar de tal forma que cause estragos como em setembro de 2008. "Mas pode ser que a alta dos juros não seja tão intensa como projetam os analistas", avalia.

O prazo médio das operações realizadas neste início de ano foi de 11,4 meses e a taxa média paga pelo crédito operacional corrente atingiu 1,8% ao mês. As duplicatas lideraram as garantias solicitadas das empresas que buscaram crédito (ver quadro abaixo).

 TotalPequenaMédiaGrande
Duplicatas42%46%39%31%
Aval40%41%41%36%
Hipoteca3%2%7%3%
Estoques3%0%4%10%
Imóveis6%7%6%3%
Outros6%4%3%18%

A pesquisa da Fiesp, feita com 394 empresas (66% micro e pequenas; 23% médias; e 11% grandes) entre os dias 12 de março e 1º de abril, constatou ainda que o valor médio do crédito solicitado é de 37% do faturamento da empresa.

 

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