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Ferrovias precisam de R$ 11 bilhões de investimentos até 2008

Segundo a ANTF, a União precisa desembolsar R$ 4,2 bilhões para obras urgentes de infra-estrutura neste período

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h32.

Para driblar o risco de "apagão logístico" que ameaça o Brasil, governo e iniciativa privada precisam investir R$ 11,3 bilhões de reais na expansão e melhoria da malha ferroviária. A estimativa é da Associação Nacional de Transporte Ferroviário (ANTF) e abrange o período de 2004 a 2008. "São recursos suficientes para cobrir as obras mais urgentes", afirma o diretor-executivo da ANTF, Rodrigo Vilaça.

Quando as ferrovias começaram a ser privatizadas, em 1996, o modelo escolhido determinava, por contrato, que as obras de infra-estrutura, como a construção de passagens de nível e ferroanéis, eram responsabilidade do governo. As empresas deviam arcar com a aquisição e manutenção dos equipamentos rodantes (locomotivas e vagões), bem como da malha implantada, entre outras tarefas.

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Para custear os projetos urgentes de infra-estrutura, a ANTF estima que o governo precisará desembolsar 4,2 bilhões de reais até 2008. Parte do dinheiro deveria ser usado, por exemplo, para aremoção das famílias que invadiram as chamadas faixas de domínio(o espaço de 15 metros que ladeia as linhas de trem e que são propriedade da União). Há 105 pontos de invasão nestas faixas pelo país, o que coloca em risco a vida das pessoas que moram na área e força as composições a andar mais devagar do que poderiam. Segundo Villaça, a velocidade média ideal dos trens, em áreas urbanas, é de 42 quilômetros por hora. Mas, com as invasões, a velocidade cai para 5 quilômetros em alguns pontos. "Com isso, nossos equipamentos ficam subutilizados", diz Vilaça. Outros gargalos ferroviários, como a construção do ferroanel paulista, também deveriam receber atenção do governo nos próximos anos (leia reportagem de EXAME sobre os gargalos logísticos do Brasil).

Retornos dos recursos

Conforme Vilaça, o governo nem precisaria contrair tantos empréstimos e financiamentos para honrar sua parte. Bastaria que aplicasse os recursos recolhidos do próprio sistema ferroviário. As concessionárias pagam, por ano, 320 milhões de reais pelo arrendamento da malha ferroviária. O óleo diesel que movimenta as composições gera outros 458 milhões de reais por meio da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). "Atualmente, o governo não investe nada destes recursos no setor", diz Vilaça.

Já a parcela de investimentos previstos pela iniciativa privada para os próximos anos (7,1 bilhões de reais) virá de recursos próprios e de parcerias com operadores logísticos e grandes clientes. O diretor-executivo da ANTF garante que as empresas já estão fazendo a sua parte. Quando receberam as concessões, em 1996, as companhias encontraram 45 mil vagões, dos quais, 38% não tinham condições de rodar. Com os investimentos privados, o setor deve encerrar 2004 com 70 mil vagões em circulação. Até 2008, a meta é elevar a quantidade em 32%.

As empresas também receberam 1 350 locomotivas na privatização, sendo que metade não funcionava. "Vamos fechar o ano com 2 mil equipamentos em operação", diz Vilaça. Até 2006, 225 novas locomotivas devem ser incorporadas ao sistema.

Carga

O volume transportado de carga também está crescendo. Neste ano, o setor deve movimentar 228 milhões de toneladas, 16% mais que no ano passado. Em relação a 1997, primeiro ano em que as empresas privatizadas operaram plenamente, o total de 2004 representará um incremento de 37%. "Com os investimentos propostos, em 2008 poderemos transportar 57% mais carga que em 1997", diz Vilaça.

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