Falta de gasolina causa longas filas na Venezuela
Uma falha logística afetou o fornecimento do combustível, mas segundo um porta-voz do governo "as falhas estão sendo corrigidas"
AFP
Publicado em 23 de março de 2017 às 15h42.
Última atualização em 23 de março de 2017 às 17h09.
Longas filas se formaram nesta quinta-feira em postos de gasolina de Caracas e outras cidades venezuelanas depois que uma falha logística afetou o fornecimento de combustível.
Diante dos problemas, os usuários se concentraram nos postos que foram reabastecidos desde a noite de quarta-feira, constataram jornalistas da AFP.
"Se você tem carro, traga-o e abasteça-o rápido porque essa gasolina acaba hoje", disse um funcionário de um posto de gasolina do leste da capital, onde havia duas filas extensas de veículos.
O vice-presidente da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), Ysmel Serrano, informou na noite de quarta-feira que os atrasos no transporte marítimo geraram o problema que, garantiu, está sendo atendido.
O abastecimento para Caracas chega do Puerto La Cruz (estado de Anzoátegui, norte), mas Serrano não detalhou a origem da falha.
"Contamos com gasolina suficiente produzida em nossas refinarias. Continuamos redobrando o atendimento até estabilizar a distribuição. A PDVSA pede calma e que não acreditem em falsos rumores de setores que estimulam o caos", escreveu o diretor no Twitter.
Alguns, como Luis Valero, tentavam acalmar a situação. "É um problema de transporte, não de produção. O certo é que vou tarde para o trabalho, mas o que podemos fazer?", disse à AFP enquanto abastecia em um posto da avenida Francisco de Miranda, que fechou na quarta-feira como vários outros da cidade.
Outra dor de cabeça
Em outra fila, um taxista afirmava que vários postos de gasolina já estavam prestando o serviço normalmente, e atribuiu as filas à avalanche de rumores nas redes sociais de que Caracas ficaria sem gasolina nesta quinta-feira.
A Venezuela, o país com maiores reservas petrolíferas do mundo, tem a gasolina mais barata do planeta. O litro de 91 octanas (tipo premium) custa um bolívar (0,0014 dólares na taxa de câmbio oficial mais alta); o de 95 octanas (tipo premium superior), seis bolívares (0,0084 dólares).
Com um dólar paralelo (3,8 vezes mais alto que o oficial) é possível comprar 2.900 litros de gasolina de 91 octanas.
Nos estados Zulia e Táchira, fronteiriços com a Colômbia, várias postos de gasolina pararam de funcionar desde a quarta-feira, constatou a AFP. Nessas regiões têm ocorrido falhas de abastecimento há vários meses.
Por isso, com a informação da PDVSA muitos em Maracaibo (capital de Zulia) saíram alarmados para abastecer, formando filas anormais.
Algo parecido aconteceu em San Cristóbal - capital de Táchira -, onde na quinta-feira verificaram-se longas filas. A cidade tem restrições especiais para a venta devido ao contrabando para a Colômbia.
Esta situação gera dor de cabeça aos venezuelanos, que enfrentam uma escassez crônica de alimentos e medicamentos, a inflação mais alta do mundo (projetada pelo FMI em 1.660% para este ano) e uma criminalidade galopante.
"Não há comida, não há remédios, não há gasolina, não há água, não há luz, a única coisa que há é um governo de corruptos e indolentes", queixou-se no Twitter o deputado opositor Miguel Pizarro.