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Ex-ministro da Fazenda vê pouco risco de repetição da crise

Maílson da Nóbrega acredita que o Brasil está mais bem preparado para enfrentar os problemas agora do que em 2008

Mailson da Nóbrega acredita que não haverá uma nova crise como a de 2008 (VEJA)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2011 às 18h04.

Brasília – O risco de repetição da crise econômica de 2008 é baixo porque os fatores que desencadearam o travamento do crédito em todo o mundo não estão presentes, disse hoje (9) o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, ao participar de audiência, na Câmara dos Deputados, para discutir o agravamento da crise financeira internacional e a nova política industrial.

Segundo Maílson, as turbulências atuais são desdobramentos da crise de três anos atrás.

“Os riscos da crise atual estão mais associados à recessão na Europa do que ao colapso do sistema financeiro que levou à restrição do crédito”, disse o ex-ministro. Ele também disse estar seguro que o Brasil está mais bem preparado para lidar com as turbulências externas do que em 2008.

Em relação aos fatores que detonaram a crise de 2008, o ex-ministro lembrou que, diferentemente dos meses que sucederam à quebra do banco Lehman Brothers, hoje não há crise de liquidez no sistema financeiro dos países centrais. “O que está ocorrendo é apenas uma reavaliação de riscos dada a menor recuperação da economia americana, mas não o travamento do crédito”, argumentou.

Ele ressaltou que o sistema financeiro não está tão alavancado como há três anos. “Não se observa hoje a mesma alavancagem que havia antes da crise de 2008. Na época, as instituições financeiras americanas tinham ativos 30 vezes superiores ao capital, enquanto o recomendado é apenas dez”, acrescentou Mailson. O ex-ministro também destacou que as aplicações podres, como os empréstimos subprime, deixaram de existir e que, hoje, há menos instrumentos financeiros que disseminam riscos.

Em relação aos problemas das dívidas públicas de países da Europa, Mailson ressaltou que a intervenção do Banco Central Europeu [que passou a comprar títulos da dívida da Itália e da Espanha] manterá a liquidez no continente. “O Banco Central Europeu está disposto a fornecer liquidez com o compromisso de evitar terremoto e o calote desorganizado de dívidas da Europa”, avaliou.

Sobre o Brasil, ele disse acreditar que a política econômica construída ao longo dos últimos 15 anos manterá o país sólido perante a instabilidade no exterior. Ele destacou que as condições econômicas do Brasil melhoraram em relação a três anos atrás e citou avanços como o fato de o país ter mais a receber do exterior do que a pagar. “O Brasil hoje é credor líquido. Mesmo que haja depreciação, os ativos do governo se fortalecem.”

Mailson defendeu o fortalecimento dos bancos públicos em momentos de crise, mas criticou a intervenção do governo na venda de dólares no mercado futuro, anunciada no fim de julho para conter a queda da moeda norte-americana. “Essa ação no mercado cambial é temerária porque o governo interfere em um mercado que não conhece e a desvalorização do dólar não deriva de quem atua em derivativos, mas da política monetária norte-americana”, alegou.

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Brasília – O risco de repetição da crise econômica de 2008 é baixo porque os fatores que desencadearam o travamento do crédito em todo o mundo não estão presentes, disse hoje (9) o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, ao participar de audiência, na Câmara dos Deputados, para discutir o agravamento da crise financeira internacional e a nova política industrial.

Segundo Maílson, as turbulências atuais são desdobramentos da crise de três anos atrás.

“Os riscos da crise atual estão mais associados à recessão na Europa do que ao colapso do sistema financeiro que levou à restrição do crédito”, disse o ex-ministro. Ele também disse estar seguro que o Brasil está mais bem preparado para lidar com as turbulências externas do que em 2008.

Em relação aos fatores que detonaram a crise de 2008, o ex-ministro lembrou que, diferentemente dos meses que sucederam à quebra do banco Lehman Brothers, hoje não há crise de liquidez no sistema financeiro dos países centrais. “O que está ocorrendo é apenas uma reavaliação de riscos dada a menor recuperação da economia americana, mas não o travamento do crédito”, argumentou.

Ele ressaltou que o sistema financeiro não está tão alavancado como há três anos. “Não se observa hoje a mesma alavancagem que havia antes da crise de 2008. Na época, as instituições financeiras americanas tinham ativos 30 vezes superiores ao capital, enquanto o recomendado é apenas dez”, acrescentou Mailson. O ex-ministro também destacou que as aplicações podres, como os empréstimos subprime, deixaram de existir e que, hoje, há menos instrumentos financeiros que disseminam riscos.

Em relação aos problemas das dívidas públicas de países da Europa, Mailson ressaltou que a intervenção do Banco Central Europeu [que passou a comprar títulos da dívida da Itália e da Espanha] manterá a liquidez no continente. “O Banco Central Europeu está disposto a fornecer liquidez com o compromisso de evitar terremoto e o calote desorganizado de dívidas da Europa”, avaliou.

Sobre o Brasil, ele disse acreditar que a política econômica construída ao longo dos últimos 15 anos manterá o país sólido perante a instabilidade no exterior. Ele destacou que as condições econômicas do Brasil melhoraram em relação a três anos atrás e citou avanços como o fato de o país ter mais a receber do exterior do que a pagar. “O Brasil hoje é credor líquido. Mesmo que haja depreciação, os ativos do governo se fortalecem.”

Mailson defendeu o fortalecimento dos bancos públicos em momentos de crise, mas criticou a intervenção do governo na venda de dólares no mercado futuro, anunciada no fim de julho para conter a queda da moeda norte-americana. “Essa ação no mercado cambial é temerária porque o governo interfere em um mercado que não conhece e a desvalorização do dólar não deriva de quem atua em derivativos, mas da política monetária norte-americana”, alegou.

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