Venizelos foi, dentre os líderes dos grandes partidos, o político que mais se mostrou favorável a respeitar ao pé da letra os ditames de Bruxelas (©AFP / Louisa Gouliamaki)
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2012 às 13h28.
Atenas - O líder dos social-democratas gregos, Evangelos Venizelos, não concorre às eleições do dia 17 de junho para vencê-las, o que é descartado por quase todas as pesquisas, mas para tentar conter a sangria de votos sofrida no último dia 6 de maio por seu partido.
Venizelos nasceu em 1957 em Salônica, segunda maior cidade da Grécia, onde cursou Direito e completou seus estudos com um doutorado na Universidade Paris 2.
No anos 80, começou a dar aulas de Direito Constitucional na Universidade de Salônica e ocupou vários altos cargos em instituições do Estado.
Sua fama chegou graças à sua ferrenha defesa do primeiro-ministro Andreas Papandreou (pai de Giorgos Papandreou) quando este foi acusado de corrupção em 1989 e se salvou da condenação por apenas um voto dos magistrados.
A oratória de Venizelos, que é casado e tem uma filha, chamou a atenção do veterano Papandreou, que o incluiu na lista do Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok), pelo qual foi eleito deputado em 1993.
Desde então, ocupou oito pastas ministeriais: Imprensa, Transporte, Justiça, Cultura, Desenvolvimento, novamente Cultura, Defesa e Finanças.
Após a segunda derrota eleitoral consecutiva do Pasok, em 2007, Venizelos desafiou Giorgos Papandreou pela liderança do partido, mas foi estrondosamente derrotado nas eleições primárias.
A revanche veio no último mês de novembro, quando uma revolta interna no Pasok, liderada por deputados próximos a Venizelos, e a oposição de Bruxelas à ideia de um referendo sobre a austeridade defenestraram Papandreou.
Venizelos foi nomeado vice-primeiro-ministro do governo de coalizão presidido pelo ex-vice-presidente do Banco Central Europeu, Lucas Papademos, cargo que já deixou para comandar o Pasok nas eleições de maio.
Para certificar sua autoridade no partido, realizou eleições primárias, que venceu sem dificuldades, já que era o único concorrente.
No pleito do dia 6 de maio, o Pasok tornou-se a maior vítima da raiva grega contra as políticas de austeridade e caiu em desgraça. Após 35 anos nos quais tinha se alternado no poder com os conservadores do Nova Democracia (ND), caiu para a terceira posição e perdeu dois terços de seus eleitores, obtendo o mínimo histórico de 13,2% dos votos.
Após as eleições, Venizelos culpou o "populismo" dos demais partidos pelo péssimo resultado.
Além disso, ordenou toda a cúpula política do Pasok a renunciar, disse que o partido estava "podre" e que precisava de um "renascimento" e "sangue novo", embora seja ele mesmo quem liderará a formação nas novas eleições de junho.
Venizelos foi, dentre os líderes dos grandes partidos, o político que mais se mostrou favorável a respeitar ao pé da letra os ditames de Bruxelas, mas pediu que os prazos para cumprir os novos ajustes sejam ampliados.
O líder social-democrata criticou duramente os programas eleitorais do ND e do esquerdista Syriza, favoritos nas eleições, porque "prometem um paraíso artificial", e disse acreditar que as pessoas demonstrarão sua raiva de uma maneira "mais dura" quando se derem conta de que "tudo era mentira".